Título: Remessas de lucros saltam de US$1,1 bi para US$ 2,6 bi
Autor: Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 06/07/2007, Economia, p. 24

Resultado recorde em maio derrubou saldo das transações correntes.

BRASÍLIA. O Banco Central (BC) informou ontem que o saldo das transações correntes (comercialização de bens e serviços) do país fechou maio positivo em US$100 milhões, muito aquém do US$1,821 bilhão de abril. As fortes remessas de lucros e dividendos no período, de US$2,632 bilhões, recorde para meses de maio, tiveram impacto no resultado, explicou o chefe-adjunto do departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. O resultado é mais que o dobro de abril (US$1,124 bilhão) e mostra amadurecimento dos investimentos estrangeiros feitos no mercado interno.

Na conta de juros, o saldo ficou negativo em US$333 milhões, enquanto em viagens internacionais, em US$274 milhões. Os turistas brasileiros continuam aproveitando o dólar barato para conhecer outros países. Em junho, até o dia 22, o déficit já está em US$229 milhões.

O item que apresentou saldo positivo em maio, mais uma vez, foi a balança comercial, com superávit de US$3,868 bilhões. Para junho, acrescentou Maciel, a expectativa é que as transações correntes - que representam as operações do Brasil com o exterior, incluindo pagamentos de juros da dívida externa, transferências unilaterais, entre outros - fiquem estáveis em relação ao mês anterior.

Os investimentos estrangeiros diretos (IED), que são os aplicados no setor produtivo, no Brasil devem bater recorde em junho, com fortes entradas de recursos. Segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, a projeção é que o saldo tenha ficado positivo em US$6,5 bilhões, sendo que, até o último dia 22, já está em cerca de US$3 bilhões. Ou seja, em menos de dez dias, o BC espera entradas líquidas (descontando as saídas) de US$3,5 bilhões, o que seria o melhor desempenho mensal desde o início da série histórica, em 1947.

Em maio, o IED teve superávit de apenas US$501 milhões, quase um terço do resultado do mesmo mês de 2006, quando ficou em US$1,577 bilhão. Neste ano, o acumulado já chega a US$10,550 bilhões. Se as estimativas do BC se concretizarem para junho, o saldo chegará a US$28,5 bilhões em 12 meses, acima da projeção para todo o ano de 2007, de US$25 bilhões.

Já os investimentos brasileiros diretos no exterior tiveram saldo negativo de US$768 milhões em maio, acumulando no ano déficit de US$3,543 bilhões. Maciel explicou que os resultados refletem as maiores devoluções de empréstimos intercompanhias, ou seja, com as filiais de fora mandando recursos para a matriz nacional. Só em maio, foram US$935 milhões.