Título: Corregedoria já começou a investigar Gim
Autor: Lima, Maria e Carvalho, Jailton
Fonte: O Globo, 07/07/2007, O País, p. 8

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Petebista é investigado no mesmo processo do STF que já provocou a renúncia de Roriz

"Congresso tem obrigação de lutar para que esta Casa não vire abrigo permanente de alguns marginais", diz Tuma

BRASÍLIA. A corregedoria do Senado, extra-oficialmente, já começou a analisar os processos e indícios de envolvimento do futuro senador Gim Argello (PTB-DF) no esquema de corrupção descoberto pela Operação Aquarela, que investiga desvio de recursos do Banco de Brasília (BRB). Gravações que mostrariam a participação de Gim no recebimento de dinheiro de origem criminosa, por meio de terceiros, fazem parte do processo que já derrubou o ex-senador Joaquim Roriz e que o juiz da 1ª Vara Criminal do Distrito Federal, Roberval Belinatti, vai encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) assim que Gim assumir a vaga no Senado.

O caso só vai para o STF quando há indícios de crimes praticados por parlamentares. Como Roriz não é mais parlamentar, perdeu o foro privilegiado no Supremo. Sua parte no processo será enviada à Justiça comum.

Tuma mostrou disposição de dar prosseguimento ao caso

A informação foi passada ontem por Belinatti ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP). Tuma se reuniu também com os procuradores federais que cuidam do caso para requerer a documentação referente a Gim. Nas conversas preliminares, surgiu a informação que uma das gravações feitas na Operação Aquarela mostraria uma pessoa pedindo dinheiro em nome de Gim Argello. Tuma mostrou disposição de continuar buscando informações para dar prosseguimento ao caso:

- O Congresso tem obrigação de lutar para que essa Casa não vire um abrigo permanente de alguns marginais, sem querer ofender, que têm praticado a traição ao povo.

As investigações já revelaram que os R$2,23 milhões sacados no BRB foram divididos entre várias pessoas, entre elas Roriz e o ex-presidente do banco Tarcísio Moura.

- Se ele, o juiz, diz que imediatamente depois da posse manda toda a documentação referente ao comportamento antiético ao Supremo, é porque, em tese, o crime foi cometido - disse Tuma.

O corregedor vai estudar a documentação para preparar uma representação ao Conselho de Ética, se for o caso, assim que Gim assumir. O suplente está desaparecido desde que se internou num hospital de Brasília, no início do mês. Já contratou como advogado o ex-ministro do STF Maurício Corrêa.

- Ele (Belinati) disse que há comprometimento sério (de Argello). E que, se a Corregedoria do Senado abrir qualquer procedimento investigatório, encaminhará esses documentos para a Casa - disse Tuma.

PSOL já prepara representação contra Gim

A direção do PSOL também já prepara a representação à Mesa do Senado pedindo abertura de processo contra Gim assim que ele tomar posse.

A assessoria de Gim divulgou nota negando informação de que ele recebeu, em 2001, R$1 milhão de origem ignorada. A assessoria apresentou certidão negativa da Justiça de primeira instância, mas o processo a que ele responde já tramita no Tribunal Regional Federal (TRF).

"É improcedente e leviana suposta declaração atribuída a "Auditores", não identificados (...), levantando a suspeita de que os recursos que motivaram uma autuação da Receita Federal provinham de propina", diz trecho da nota de Gim.