Título: Usinas atrasadas preocupam setor industrial
Autor: Alvarez, Regina e Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 09/07/2007, Economia, p. 18

SÃO PAULO. O setor industrial acompanha com preocupação o retardamento do início das obras de projetos de geração de energia, como as usinas hidrelétricas do Rio Madeira (RO) e de Estreito (TO). Dirigentes de entidades empresariais concordam que dificilmente essas usinas estarão concluídas nos prazos programados. E, mesmo ainda havendo tempo para a implementação de projetos alternativos, o país deverá enfrentar um período crítico na oferta de energia a partir de 2010.

- Com os problemas no Rio Madeira, entre 2010 e 2011, principalmente em 2011, há uma zona de risco grande - diz o diretor do departamento de Infra-estrutura da Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio da Silva.

Silva afirma que o atraso no complexo do Madeira vai gerar um hiato, que terá de ser suprido com termelétricas e geração a partir de biomassa. Segundo ele, a Fiesp já trabalha num "plano para potencializar" o aproveitamento da biomassa no parque sucroalcooleiro paulista:

- É uma estratégia complementar aos grandes projetos, mas tem um potencial enorme.

Eduardo Carlos Spalding, vice-presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), ressalta que, se o governo não destravar logo os projetos de novas usinas, haverá um período "mais difícil entre 2010 e 2013". Segundo Spalding, tão importante quanto assegurar o suprimento é a energia nova chegar ao mercado a preços competitivos. Para isso, ele defende ajustes nas regras. O executivo lembra que o Brasil hoje tem um custo de energia industrial entre os mais caros do mundo.