Título: Governo já gastou mais com cartões corporativos este ano que em 2006
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 11/07/2007, O País, p. 5

Despesa está em R$36,1 milhões, contra R$33 milhões ano passado.

BRASÍLIA. O governo federal já gastou este ano, até agora, mais do que em todo o ano passado com cartões corporativos, utilizados por funcionários públicos em viagens e com pequenas despesas nos ministérios. De acordo com a Controladoria Geral da União (CGU), até agora foram dispendidos R$36,1 milhões, contra R$33 milhões em 2006. Ou seja: um aumento de 9,5%. A persistir esse ritmo, o ano fechará com um gasto 100% superior ao ano passado.

O ministério que mais utilizou os cartões, segundo informações do site da CGU, foi o do Planejamento, que consumiu R$14,2 milhões, ou 39% dos recursos. A maior parte do dinheiro - 99% - foi destinada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que este ano realiza o Censo Rural. Mas entre as despesas em cartão registradas pelo órgão há uma curiosidade: sua sede no Rio gastou, em locadora de vídeo e DVD, cerca de R$10 mil neste ano.

Governo diz que censo foi responsável por aumento

E é justamente no IBGE que o governo se ampara para justificar o aumento dos gastos com os cartões corporativos. Em nota à imprensa, a CGU afirma que "o crescimento registrado nos últimos meses constitui fenômeno sazonal e se deve principalmente à realização do censo agropecuário e do censo de contagem da população nos municípios pequenos e médios (até 170 mil habitantes)".

Nos últimos três meses, conforme a assessoria de imprensa, o IBGE visitou 5,6 milhões de estabelecimentos agropecuários e 30 milhões de domicílios em cidades rurais.

Os gastos dos cartões corporativos com a Presidência da República aumentaram e somam R$9,7 milhões. No ano passado inteiro foram R$10,8 milhões. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) consumiu R$6,9 milhões - os gastos não são detalhados por se tratar de informação confidencial. A administração da Presidência foi responsável por consumo de R$2,4 milhões; desse total, R$2,3 milhões não são especificados por serem qualificadas como "despesas sigilosas" previstas em lei.

Desde que a CGU começou a disponibilizar publicamente informações sobre os cartões corporativos, o valor das despesas sobe a cada ano. Em 2004, primeiro ano em que foi colocado na internet, o gasto foi de R$14,1 milhões. Em 2005, houve aumento de 50%, e as despesas atingiram R$21,7 milhões. E, ano passado, o acréscimo foi de 52%, atingindo R$33 milhões.

Para CGU, cartão é melhor que talão de cheque

O uso do cartão é estimulado pelo governo. Segundo a CGU, "a utilização do cartão eletrônico em lugar das tradicionais contas com talão de cheque é muito positiva na medida em que facilita o controle tanto pelo próprio gestor sobre os funcionários que efetuam os pagamentos das pequenas despesas e dos gastos em viagens, como pela Controladoria, por meio dos extratos eletrônicos emitidos pela administradora do Banco do Brasil".