Título: Lula nega retorno de Silas Rondeau à Esplanada
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 11/07/2007, O País, p. 5
Presidente diz não ter cogitado a hipótese de recondução do ex-ministro de Minas e Energia antes do fim do inquérito.
IPERÓ (SP). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou ontem a possibilidade de reconduzir o peemedebista Silas Rondeau ao Ministério de Minas e Energia. O presidente disse considerar Silas - acusado pela Polícia Federal de receber R$100 mil da empreiteira Gautama - um injustiçado, mas prefere aguardar o término do inquérito e chegou a ironizar líderes do PMDB que anunciaram sua volta à Esplanada dos Ministérios.
Perguntado se reconduziria Silas ao ministério, Lula foi enfático:
-Não, não.
Presidente faz ironias sobre os boatos
Depois, Lula usou a ironia ao dizer que achou engraçados os boatos sobre a volta do ex-ministro ao governo.
- Até foi engraçado porque eu estava em Bruxelas quando alguém me perguntou, e eu fiquei imaginando quem era o poderoso que estava indicando ministro por mim - disse o presidente.
Lula afirmou que, embora considere Silas um injustiçado, não chegou a cogitar a recondução do peemedebista ao ministério. Segundo o presidente, o ex-ministro responde a um inquérito, e é preciso aguardar o término das investigações para avaliar o caso.
- Veja, eu nem pensei nisso. Eu acho que o Silas foi injustiçado. Agora, tem um processo em andamento, nós vamos aguardar para ver o que acontece com o processo- disse.
Silas deixou o Ministério de Minas e Energia no dia 22 de maio, depois que seu nome surgiu nas investigações da Operação Navalha. Segundo a Polícia Federal, Ivo Almeida Costa, ex-assessor do ministro, aparece em um vídeo carregando um envelope com R$100 mil, que teria recebido de Fátima Palmeira, diretora financeira da Gautama.
De acordo com a Polícia Federal, o dinheiro seria uma propina em troca do favorecimento à empreiteira de Zuleido Veras em licitações do programa Luz Para Todos, do Ministério de Minas e Energia.
Na semana passada o perito Ricardo Molina, da Unicamp, emitiu um laudo no qual contesta a versão da Polícia Federal. Segundo Molina, as imagens mostram o ex-assessor do ministro carregando uma folha de papel e não um envelope com dinheiro.
A divulgação do laudo foi acompanhada por boatos vindos de setores do PMDB sobre o retorno de Silas.
Apesar do laudo de Molina, a Polícia Federal manteve as acusações contra o ex-ministro. A PF anexou ao relatório da operação cópia da agenda de Zuleido, onde consta a anotação "Falar com o ministro Silas", no dia 13 de março. Nessa data, de acordo com a PF, Silas recebeu o dinheiro em seu gabinete.