Título: Principal problema é falta de pessoal, afirma comandante do Cindacta-4
Autor: Jungblut, Cristiane e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 23/07/2007, O País, p. 3

Em depoimento na CPI, coronel disse que equipamentos têm manutenção.

BRASÍLIA. Há exatamente 20 dias, em depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o comandante do Cindacta-4 - onde ocorreu a pane elétrica que afetou até vôos internacionais -, coronel Eduardo Antonio Carcavallo Filho, disse que o maior problema no seu setor era a falta de pessoal, tanto de controladores como de técnicos, pois tem perdido profissionais para a iniciativa privada. Carcavallo Filho disse que os equipamentos sofrem constante manutenção, mas admitiu que os controladores de vôos realmente atuavam com sobrecarga de trabalho.

- No Cindacta-4, nós também acreditamos ser a principal deficiência exatamente a falta de pessoal, e não só com relação a controladores de tráfego aéreo. Também em outras áreas nós sentimos alguma falta de pessoal. Perdi oito engenheiros para o mercado externo. Ou seja, as empresas pagam mais, e os engenheiros vão embora - disse Carcavallo na CPI.

O discurso de todas as autoridades militares na CPI tem sido o de defender a excelência dos seus equipamentos e negar que a falta de novos investimentos prejudica a segurança do sistema de segurança de vôo e controle do espaço aéreo.

- Os equipamentos são bastante mantidos, são verificados constantemente, são em quantidade suficiente e, normalmente, atuam com precisão. Falhas técnicas são passíveis de ocorrer, mas a nossa manutenção atua sempre buscando contorná-las de forma adequada - disse Carcavallo, em 3 de julho, conforme transcrição no site da CPI.

No início do ano, região recebeu 11 controladores

Mas as autoridades militares admitem que há uma diferença entre o que eles pedem na pré-proposta apresentada ao Ministério do Planejamento e a proposta do governo encaminhada ao Congresso. Para 2007, o Orçamento autorizado para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), dentro do Programa de Proteção ao Vôo e Segurança do Tráfego Aéreo, foi de R$549,8 milhões. A pré-proposta da Aeronáutica pedia R$611,3 milhões para o Decea.

Pelas informações dadas à CPI, o Cindacta-4 recebeu no início do ano mais 11 controladores de vôos. Três foram colocados imediatamente nas torres de controle e oito foram encaminhados para treinamento.

Levantamento do PSDB indica que a diferença acumulada de 2004 a 2007 entre a pré-proposta e a proposta que saiu do governo é de cerca de R$590 milhões. O Ministério do Planejamento argumenta que essa diferença ocorreu porque os grandes investimentos foram feitos até 2002, com a implantação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) na área do Cindacta-4, que custou US$1,2 bilhão.