Título: Chefes do grupo são presos em Brasília
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 11/07/2007, Economia, p. 22

Sócios da Angra Porto teriam reunião com um ministro para discutir contrato.

BRASÍLIA. Os empresários Wladimir Pereira Gomes e Fernando da Cunha Stérea, sócios da Angra Porto e apontados como chefes da organização acusada de fraudar licitações da Petrobras, foram presos ontem pela manhã no Grand Bittar Hotel, poucas horas depois de chegarem a Brasília. Segundo as investigações da Operação Águas Profundas, os dois planejavam conversar com um ministro de Estado sobre contratos relacionados ao setor energético. A Polícia Federal (PF) tenta checar as informações sobre o nome do ministro e também sobre os contratos de interesse da dupla.

Stérea e Gomes estão na lista dos 18 empresários, servidores públicos e lobistas que tiveram a prisão decretada na operação da PF. A polícia descobriu que os dois queriam falar com um ministro a partir de interceptações telefônicas de conversas de um dos empresários com outros cúmplices. Pouco antes de deixar o Rio, ele teria comentado que viajaria a Brasília para conversar com um ministro.

Empresas fantasmas pagavam as propinas

No relatório que serviu de base ao pedido de prisão dos acusados, a PF traça um duro perfil de Fernando Stérea e Wladimir Gomes. Segundo o documento, a que O GLOBO teve acesso, Stérea "mostrou-se extremamente ganancioso e disposto a lançar mão de qualquer alternativa para obter ou assegurar a obtenção de vantagem patrimonial".

Gomes é descrito como dono de uma "desabrida personalidade voltada para o crime". Para a polícia, os dois faziam parte do núcleo básico da organização, especializada em fraudes na Petrobras e na lavagem do dinheiro desviado da estatal.

O relatório informa que, para camuflar a movimentação do dinheiro de origem ilegal, o grupo criou várias empresas fantasmas. A partir destas e de outras firmas, os acusados pagavam propinas a funcionários da Petrobras. Wladimir Gomes seria um dos encarregados de subornar os servidores. "(Gomes) conduz o esquema criminoso por meio do pagamento de propina a servidores públicos, ou mesmo através da utilização de empresas fantasmas operadas indiscriminadamente para os propósitos espúrios", diz a polícia.