Título: Envolvidos nas fraudes têm escritórios de fachada
Autor: Ordoñez, Ramona e Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 13/07/2007, Economia, p. 27

Visita a cinco endereços mostra locais abandonados, salas fechadas e inexistência de firmas.

Salas abandonadas, portas fechadas e endereços trocados. Uma visita às sedes de cinco empresas envolvidas no esquema de fraudes de licitações da Petrobras e no desvio de recursos para ONGs confirma que todas não passam de firmas fantasmas. Segundo as investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), que resultaram na operação Águas Profundas, as sociedades estão localizadas nos municípios fluminenses de São Gonçalo, Itaboraí e Rio Bonito, e quatro delas têm em comum Wilson Ribeiro Diniz como sócio.

Braço direito de Ruy Castanheira - apontado como o responsável pela operação contábil do esquema de fraudes e um dos 13 detidos na última segunda-feira - Diniz teve a prisão preventiva decretada e ainda está foragido. No início da tarde, no entanto, um funcionário do prédio 115 da Rua Alfredo Backer, em São Gonçalo, afirmou que o empresário estivera mais cedo no local, como faz regularmente. Lá funciona a sala comercial da Petruscar Locadora de Veículos, uma das empresas envolvidas no esquema. Foi o único endereço no qual havia sinais da existência de uma das firmas citadas nas investigações: uma placa na porta da sala exibia o nome da Petruscar.

No mesmo prédio, porém, onde deveria funcionar outra empresa de Diniz, a Cesta Básica Distribuidora de Alimentos de Niterói, há apenas uma sala fechada e sem uso:

- Faz muito tempo que essa sala está vazia - disse o funcionário do prédio, que preferiu não se identificar.

Em Itaboraí, a cena se repetiu. Um portão trancado com cadeado - que dá acesso a um sobrado onde se lê um aviso de "aluga-se" - está ocupando o que deveria ser a sede da Max Express Representações, que também tem Diniz como sócio, na Avenida 22 de Maio, no Centro da cidade. Um funcionário de uma loja vizinha ao endereço informou que o local está abandonado há meses. Antes, segundo a fonte, era ocupado por uma financeira.

Dono de imóvel desconhece a existência da empresa

Também em Itaboraí, na Rua Raimundo de Farias, outra sala fechada, onde supostamente estaria instalada a Intecdat Serviços Técnicos, que recebia transferências ilegais das ONGs. O dono do imóvel, que não quis revelar o nome, afirmou que nunca ouviu falar de Diniz. Na sala, segundo o proprietário, antes funcionava um curso de inglês.

No endereço da última empresa visitada pela repórter do GLOBO, em Rio Bonito, a firma de contabilidade Global-RB funcionava no lugar da Coferco Log, cujo sócio é Ruy Castanheira.