Título: Lula apóia operação no Alemão
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 12/07/2007, Rio, p. 13
Presidente afirma que "a polícia não está diante de nenhuma pessoa santa".
Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, durante entrevista coletiva apenas para jornais, a ação da polícia que resultou em 19 mortes no Complexo do Alemão, há duas semanas. Lula ressaltou que ninguém deseja que haja mortes em situações como as vivenciadas no morro, mas avaliou que a polícia foi recebida a bala e teve de revidar. O presidente também disse que o governo federal continuará ajudando o governador Sérgio Cabral.
- Todos nós achamos muito ruim que haja morte de qualquer pessoa. O ideal seria que a polícia conseguisse pegar as pessoas sem precisar dar um único tiro. Mas é importante saber que a polícia não está diante de nenhuma pessoa santa. Muitas vezes, para entrar numa coisa complicada como o Complexo do Alemão, você encontra resistência e, na troca de tiros, vai levar desvantagem quem está menos preparado.
Lula considerou correta a atuação do governo do Rio e afirmou que continuará ajudando Sérgio Cabral. Ele lembrou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê investimentos de R$500 milhões para urbanização e saneamento para as favelas do Rio:
- É preciso prevalecer o Estado dentro do Complexo do Alemão, oferecendo as políticas públicas que tem de oferecer. Sem as políticas públicas, vai prevalecer o crime organizado.
Guerra resultou na morte de 44 pessoas
A guerra do Alemão começou em 2 de maio, a partir de uma operação da Polícia Militar na Vila Cruzeiro, na Penha, para caçar oito traficantes acusados de executar dois PMs, dois dias antes, em Oswaldo Cruz. Nestes dois meses, o número de mortos chegou a 44. Só no dia 27 passado, quando a Secretaria de Segurança mobilizou 1.350 policiais civis e militares apoiados pela Força Nacional, 19 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico morreram. O número de feridos chegou a 74 desde o início do confronto.
Logo no primeiro dia de ocupação do Complexo do Alemão, 40 homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ficaram no local. Com táticas de guerra, os bandidos montavam barricadas com trilhos de trem, blocos de concreto e veículos roubados, além de espalhar óleo nas ruas, a fim de evitar a entrada do Caveirão.
Dois blindados da PM foram parar na oficina porque os traficantes atacavam pontos vulneráveis dos veículos. De uma casamata, traficantes atiravam contra policiais e até jornalistas. Na semana passada, a polícia descobriu um manual de guerrilha que detalhava essas práticas. Na última operação, a polícia apreendeu duas metralhadoras antiaéreas, munição, explosivos e drogas. Durante o conflito, a PM chegou a afirmar que traficantes atiravam em moradores para jogar a população contra a polícia.
COLABOROU Vera Araújo