Título: Entrada de dólares foi recorde em junho: US$16,5 bi
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 12/07/2007, Economia, p. 23

BC compra US$1 bi e consegue impedir queda maior da moeda, que fechou a R$1,892. Bolsa bate 29º recorde do ano.

RIO, BRASÍLIA, NOVA YORK e WASHINGTON. A entrada maciça de dólares no país fez a moeda americana fechar ontem mais uma vez em queda, cotada a R$1,892 (-0,05%), em seu menor valor desde o dia 20 de outubro de 2000. O recuo só não foi maior porque o Banco Central (BC) entrou pesado no mercado e conseguiu segurar a moeda, comprando, segundo estimativas de analistas, perto de US$1 bilhão. Entre os fatores que influenciaram o mercado ontem está o anúncio do BC de que o fluxo cambial ficou positivo em US$16,561 bilhões em junho, o maior resultado mensal da série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1982.

O recorde anterior havia sido registrado em abril, quando o fluxo acumulou US$10,728 bilhões. A cifra de junho resulta de saldo positivo nas operações comerciais de US$9,456 bilhões e saldo também positivo nas transações financeiras, de US$7,105 bilhões.

Ontem, o otimismo entre os investidores ganhou força depois que autoridades americanas asseguraram que a crise no mercado imobiliário não afetará o sistema financeiro. Kevin Warsh, diretor do Federal Reserve (Fed, o BC americano), admitiu que há perdas no setor de hipotecas consideradas de alto risco (as chamadas subprime), mas não há riscos para o sistema. Na mesma audiência, um funcionário da Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado americano), Erik Sirri, assegurou que a Bear Stearns - que detonou a crise mês passado ao leiloar sua carteira de subprime - vai resolver o problema "de maneira ordenada".

Para Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora, após as declarações, houve melhora no fluxo internacional, sobretudo para países emergentes e europeus. O risco-Brasil caiu 4,37%, para 153 pontos centesimais.

Também ajudou no otimismo um relatório do banco Merrill Lynch mostrando que o Brasil lidera o ranking de captação dos fundos no exterior que investem em ações de países emergentes. De janeiro a 6 de julho deste ano, os fundos dedicados ao país tiveram captação líquida (depósitos menos saques) de US$1,129 bilhão, enquanto os da China, por exemplo, perderam US$4,458 bilhões.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) bateu seu 29ºrecorde do ano ao fechar em alta de 0,91% aos 55.932 pontos ontem. O otimismo foi reflexo do mercado americano: a Nasdaq subiu 0,48%, Dow Jones, 0,56% e S&P, 0,57%.

A agência de classificação de risco Moody"s rebaixou, no fim da tarde de terça-feira, a classificação de US$5,2 bilhões em papéis lastreados em subprime. Ontem, a Moody"s disse que ainda pode reduzir a nota de US$5 bilhões em obrigações de dívida garantida também lastreadas em subprime. A Standard & Poor"s já havia colocado esses papéis em perspectiva negativa.

(*) Com agências internacionais