Título: Após 2 meses, servidores do Ibama encerram greve
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 14/07/2007, Economia, p. 31

Lideranças do movimento não viam sentido em manter paralisação durante recesso.

BRASÍLIA. Os servidores do Ibama, que estavam parados desde o dia 14 de maio, decidiram ontem suspender a greve contra a divisão da instituição e pela derrubada da medida provisória (MP) que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Segundo a organização do movimento, não faz sentido continuar a paralisação durante o recesso do Congresso, já que os parlamentares sequer estarão na capital. Os grevistas prometem, no entanto, voltar à greve assim que os trabalhos legislativos forem retomados, a partir de 1º de agosto.

- A suspensão não enfraquece o movimento. Inclusive, vai nos dar mais fôlego para retomar a greve. Até porque nós estamos entendendo que temos chance de derrubar a MP - disse a presidente da Associação Nacional dos Servidores do Ibama no Distrito Federal (Asibama-DF), Lindalva Cavalcanti.

Presidente do órgão foi vaiado publicamente

Os servidores do Ibama voltarão ao trabalho na próxima quarta-feira, 18 - quando oficialmente começa o período de recesso no Congresso Nacional. Pretendem, porém, continuar em "estado de greve" e continuar as negociações. A retomada da paralisação precisa ser aprovada ainda por uma assembléia dos servidores. Esta semana, os profissionais fizeram protesto no Congresso Nacional e vaiaram o presidente do órgão, Balizeu Margarido, em audiência pública.

A MP que irritou os grevistas estabelece que o Instituto Chico Mendes tratará das unidades de conservação ambiental e o Ibama ficará responsável pelas licenças ambientais. A proposta já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e está na pauta do Senado Federal. Os funcionários consideram que a divisão do órgão favorece ingerências políticas na concessão de licenças, no momento em que nos bastidores do governo se trava uma batalha entre ambientalistas e desenvolvimentistas.

Usinas terão investimento de R$20 bilhões

A divisão do órgão foi divulgada em abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a pressionar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a obter do Ibama o licenciamento das usinas, que representarão pelo menos R$20 bilhões em investimentos. Os oito técnicos encarregados de avaliar o processo das hidrelétricas do Rio Madeira, no entanto, divulgaram na mesma época parecer no qual pediam informações adicionais e apontavam sérios riscos ambientais. Na última segunda-feira, porém, com o aval de outros técnicos, a licença prévia para a construção das usinas foi liberada, num sinal de vitória do Palácio do Planalto.