Título: OMC fará nova tentativa por Doha
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Fonte: O Globo, 14/07/2007, Economia, p. 32
Negociadores apresentam proposta sobre subsídios na próxima semana.
GENEBRA Os mediadores da Organização Mundial do Comércio (OMC) apresentarão na próxima semana as propostas que podem dar um rumo à Rodada de Doha ou significar o fim do processo de abertura comercial global. As negociações da rodada para a redução de tarifas e subsídios agrícolas e maior abertura comercial estão paradas devido à resistência de alguns países a abrirem setores sensíveis à competição estrangeira.
Jeremy Hobbs, diretor-executivo da ONG humanitária Oxfam International, disse que as novas propostas podem "salientar as diferenças ao invés de mostrar o caminho para o consenso":
- Embora seja fato que todos saibam o que realmente é preciso acontecer para que haja acordo, simplesmente não há vontade política para isso.
Nos documentos, a serem divulgados segunda ou terça-feira, os presidentes das comissões negociadores da OMC para agricultura e indústria devem propor cortes variáveis para subsídios e tarifas, para que os países encontrem um consenso. As reações iniciais serão essenciais para o futuro de Doha, que o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, quer concluir ainda em 2007, para evitar o contágio político das campanhas eleitorais da Índia e dos EUA no ano que vem.
Se qualquer um dos 150 países-membros da OMC rejeitar os textos, diplomatas dizem que a Rodada de Doha deve passar vários anos congelada.
Muitos governos parecem ter dificuldades de convencer seus eleitores de que a rodada será benéfica, segundo Axel Dreher, professor-assistente de Economia no Instituto Federal de Tecnologia, em Zurique, Suíça.
- Quem seriam os vencedores desta rodada? Em geral, são os países pobres que ganhariam. Nos países desenvolvidos haveria redistribuições. Os consumidores em geral ganhariam com este acordo, e os agricultores em geral perderiam - afirmou.
Jornal diz que Brasil faz da OMC "máquina de guerra"
O Brasil tem tido papel de destaque nas negociações de Doha, como líder dos países em desenvolvimento, junto com Índia e China. Talvez por isso, o jornal suíço "Le Temps" tenha afirmado ontem que o Brasil faz da OMC "uma máquina de guerra comercial". A reportagem diz respeito à queixa aberta pelo país contra os subsídios agrícolas dos EUA, que ultrapassam os US$19 bilhões anuais autorizados pela entidade.
"Na aparência, o Brasil ainda acredita no sucesso da Rodada de Doha, que tem como um dos objetivos liberalizar o comércio de produtos agrícolas. Mas, no fundo, o país, que tem a ambição de se tornar o grande exportador mundial de alimentos, não tem ilusões", afirmou o jornal.
Na quinta-feira, EUA e México apresentaram queixa na OMC contra subsídios da China.