Título: Acidentes sobrecarregam Galeão e Guarulhos
Autor: Freire, Flávio e Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 18/07/2007, O País, p. 3
Partidas do Tom Jobim foram redirecionadas para Viracopos e Cumbica. Vôos internacionais não foram afetados.
RIO e BRASÍLIA. O incêndio no Aeroporto Santos Dumont e o acidente em Congonhas provocaram atrasos e cancelamentos nos principais terminais do país. O Aeroporto Tom Jobim (Galeão) recebeu seis vôos transferidos do Santos Dumont e, às 21h, já havia 34 vôos atrasados naquele terminal, bem acima dos 21 registrados pelo balanço da Infraero às 18h.
Os vôos saindo do Tom Jobim com destino ao Aeroporto de Congonhas tiveram autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à noite, para serem redirecionados para os terminais de Viracopos (Campinas) e Guarulhos, em São Paulo, com intervalo de dez minutos para cada vôo. O atraso chegava a cerca de três horas.
Ainda segundo a Infraero, alguns vôos procedentes das regiões Norte, Nordeste e Sul, que deveriam pousar em Congonhas, estavam sendo redirecionados para o Aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Os vôos internacionais, de acordo com a Infraero, não foram afetados porque ou são vôos direto ao destino ou fazem escalas em Guarulhos.
No Santos Dumont, a previsão é que as operações de pousos e decolagens serão retomadas a partir das 6h de hoje (quarta-feira).
O superintendente da Infraero na Regional Leste, Pedro Azambuja, reuniu-se à noite com as empresas aéreas, em um gabinete de crise, para decidir sobre como redirecionar os vôos do Aeroporto Tom Jobim com destino a São Paulo porque, com o fechamento de Congonhas, o aeroporto de Guarulhos não tinha mais condições de suportar o volume de tráfego aéreo desviado para lá.
Por causa de um princípio de incêndio no terminal novo do Santos Dumont durante a tarde de ontem, foram deslocados para o Aeroporto Tom Jobim 28 pousos e 30 decolagens.
O advogado Fernando Gazoffi foi um dos prejudicados pelos dois acidentes ocorridos ontem nos aeroportos de Rio e São Paulo. Ele chegou ao Santos Dumont às 16h30m para embarcar às 18h no vôo 1535 da Gol com destino a Congonhas e foi informado de que o vôo tinha sido transferido para o Galeão.
- O que mais me chocou, na verdade, foi não haver ninguém para dar informações no Santos Dumont, não ter transporte da empresa, o que me obrigou a pagar R$30 de táxi - reclamou Gazoffi.
Quando ele já estava dentro do avião para decolar, o comandante informou que todos os vôos para Congonhas estavam suspensos por causa do acidente e que a previsão era embarcar somente às 16h do dia seguinte. À noite, no entanto, o problema foi contornado, e Gazoffi entrou na sala de embarque com destino a Guarulhos por volta das 21h.
O acidente com o Airbus da TAM em São Paulo suspendeu vários vôos de Brasília que tinham como destino os aeroportos de Congonhas, Guarulhos e também o de Campinas (SP). Até mesmo passageiros que já estavam dentro de uma aeronave que iria decolar para Congonhas tiveram que sair do avião e retornar para o saguão do Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília. Os passageiros dos vôos cancelados foram levados para hotéis da capital federal, mas as companhias não conseguiram hospedar todos.
Daniela Remédio, funcionária de uma empresa privada de São Paulo, que viajava a trabalho, era uma das passageiras do vôo cancelado. Ela contou que o comandante da aeronave comunicou o cancelamento. O deputado federal José Genoino (PT-SP) também estava no vôo suspenso, mas não deu entrevista.
- A TAM não conseguiu hotel para mim, mas minha empresa conseguiu uma reserva - disse Daniela.
O gerente da TAM em Brasília, João Leão, garantiu, após checar na lista de passageiros do avião que se acidentou em São Paulo, que nenhum deles iria fazer conexão para a capital federal, apesar de o deputado federal Julio Redecker estar a bordo - ele embarcaria de São Paulo para os EUA.
Em Porto Alegre, o balcão da TAM foi cercado por familiares em busca de informações logo depois da divulgação do acidente.