Título: PF fará nova perícia em documentos de Renan
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/07/2007, O País, p. 15

Relator do processo espera que conclusões da investigação sejam submetidas ao plenário do Conselho em um mês.

BRASÍLIA. Sob o comando do vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC), a Mesa Diretora do Senado decidiu ontem, por unanimidade, encaminhar para o ministro da Justiça, Tarso Genro, as 30 perguntas que o Conselho de Ética quer que a Polícia Federal esclareça, durante a nova perícia que será realizada nos documentos de defesa apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A expectativa do senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos três relatores do processo contra Renan, é de que essa nova perícia esteja concluída no máximo até o próximo dia 10 e que as conclusões finais da investigação sejam submetidas ao plenário do Conselho em 20 de agosto.

- Acredito que até o dia 20 de agosto possamos estar votando o relatório final sobre a representação do PSOL contra o senador Renan Calheiros. Mas isso dependerá do resultado da perícia da Polícia Federal - observou Casagrande.

Renan: "Isso vai se arrastar por muito tempo"

O presidente do Senado, porém, previu um processo longo pela frente, comentando sobre a perda de apoios nos últimos dias.

- Não é esta a contabilidade que eu tenho. Nem é hora de falar em contabilidade. Essa é uma coisa que vai se arrastar por muito tempo - reagiu Renan.

Essa seria mais uma sinalização da disposição de Renan de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso não consiga arquivar o processo no Conselho de Ética. Aliás, essa foi uma advertência reiterada ontem diversas vezes por seu advogado Eduardo Ferrão, durante a reunião da Mesa Diretora do Senado.

Em duas representações encaminhadas ao Conselho de Ética, na semana passada, Ferrão propôs a anulação da primeira perícia realizada pela Polícia Federal, com o argumento de que ela não poderia ter investigado um parlamentar sem autorização judicial, sugerindo ainda que outro órgão fosse acionado para fazer a nova perícia.

Por precaução, a Mesa Diretora do Senado, no despacho encaminhado ao ministro da Justiça, recomendou que o trabalho da PF fosse feito de acordo com as normas constitucionais, o que gerou, a princípio, especulações de que isso abriria uma brecha para que a investigação fosse novamente limitada. A iniciativa, porém, foi defendida por todos os integrantes da Mesa.

- Essa foi uma salvaguarda para que o processo não seja questionado posteriormente. Nossa precaução é para que os peritos não avancem além do que foi solicitado pelo Conselho - justificou o primeiro-secretário do Senado, Efraim Morais (DEM-PI).

- Essa é uma salvaguarda para evitar eventuais excessos da Polícia Federal - elogiou o líder do Democratas, José Agripino Maia (RN).

Heloísa Helena impede defesa de retirar perguntas

A presidente do PSOL, a ex-senadora Heloísa Helena, também participou da reunião da Mesa, embora só tenha sido notificada na véspera. Assim como Ferrão, teve direito de falar por 20 minutos aos membros da Mesa. Ela contestou, por exemplo, a tentativa do advogado de Renan de retirar pelo menos duas perguntas encaminhadas pelo Conselho de Ética e estava disposta a reagir a qualquer decisão contrária da Mesa à realização da perícia pela PF.

- A Mesa não tem direito de vetar nada. Isso seria acobertamento, conluio - afirmou Heloísa Helena, antes do anúncio do resultado da reunião.