Título: Aliados lamentam morte, adversários fogem de declarações polêmicas
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 21/07/2007, O País, p. 20

Governador da Bahia lembra que ACM despertou paixões e ódios.

SALVADOR. O governador Jaques Wagner (PT) , adversário político de Antonio Carlos Magalhães, declarou ontem que "o senador foi uma referência da política baiana, cenário no qual se manteve presente por mais de 40 anos e onde despertou paixões e ódios".

- Não podemos negar o seu valor e as suas conquistas - disse, preferindo evitar questões políticas.

- Eu creio que, nesse momento, são dispensáveis quaisquer comentários, o senador Antônio Carlos Magalhães tem marcas fortes na história política da Bahia e ele terá, por parte do Governo do Estado e do governador, todo o tratamento dispensado a um ex-governador, ex-prefeito da capital e senador da República. Isso está sendo feito de acordo com o cerimonial e com as demandas da família.

Wagner disse que está aberto ao diálogo, mas lembrou que esse não é momento para discutir o assunto. Para ele, o debate partidário se dará depois que a emoção tiver passado.

O ex-governador Paulo Souto, presidente do DEM na Bahia, lamentou a morte do senador:

- O mais importante agora é que este grupo que o cercou transforme o legado de Antonio Carlos em seu objetivo de vida política. Um dos exemplos que ele deixa é de um homem que não conheceu limites nas lutas quando visava o interesse do Estado. A imprensa sempre destacou a personalidade forte de ACM, mas seria uma injustiça não reconhecer o seu papel na modernização da vida econômica, social e política da Bahia.

Para guia espiritual, o maior baiano dos últimos tempos

O padre Gaspar Sadock, guia espiritual de ACM, disse que a Bahia estava muito pesarosa:

- Perdeu um grande filho, grande líder, grande administrador. A gente precisa deixar de lado preconceitos limitadores e olhar exatamente a verdade, e a verdade é que ele foi o maior baiano dos últimos tempos.

Antigo adversário, Waldir Pires, ministro da Defesa e ex-governador da Bahia (1987-1989), dirigiu-se à família:

- Neste momento, eu desejo que Deus lhe dê paz, e cumprimento todos os filhos, netos e familiares.

O ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, outro inimigo, preferiu deixar ressentimentos de lado:

- A Bahia sabe que eu e minha família sofremos duros ataques. Enfrentamos situações indescritíveis por termos mantido uma postura de firmeza em relação a um estilo de fazer política que gerou alguns momentos tristes de nossa história recente. Mas esta não é a hora de ressentimentos ou de olhar para o passado. O senador Antonio Carlos Magalhães agora repousa no memorial da vida pública. Seu julgamento não será feito pelos homens, mas pela história.