Título: Aeronáutica demora 15 horas para se pronunciar sobre nova pane aérea
Autor: Beck, Martha e Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 22/07/2007, O País, p. 3
BRASÍLIA. Nova pane no controle aéreo, antiga rotina de desinformação. Só às 18h45m de ontem, 15 horas após a queda de energia que apagou os radares do Cindacta-4 (Manaus), a primeira autoridade do governo se pronunciou para explicar as causas do problema. A pane só foi descoberta porque passageiros dos aviões que tentavam chegar ou sair do país foram informados pelos comandantes dos vôos - e relataram os fatos quando voltaram aos aeroportos. Todas as aeronaves que ainda não haviam entrado no espaço aéreo da Região Amazônica foram obrigadas a retornar a seus locais de origem.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o Palácio do Planalto, foi informado dos problemas - a pane no Cindacta-4 e a confusão sobre a caixa-preta do avião da TAM. O ministro da Defesa, Waldir Pires, também foi alertado sobre os novos problemas por auxiliares diretos, mas não veio a público. No Comando da Aeronáutica, houve plantão e reuniões para analisar os problemas. Uma nota foi divulgada pouco antes das 19h.
Durante o dia, a única autoridade a se pronunciar sobre o novo capítulo da crise foi o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira. Mas Pereira não é responsável pelo controle do espaço aéreo e, por isso, tinha informações apenas sobre os atrasos dos vôos.
O primeiro sintoma de que algo estava errado apareceu logo de manhã, quando começou a crescer o número de atrasos de vôos nos aeroportos de todo o país. Em seguida, começaram a desembarcar em São Paulo e no Rio de Janeiro passageiros que seguiam para a América Central e para os Estados Unidos e foram obrigados a retornar. Em Nova York, um passageiro que vinha para o Brasil contou que a aeronave em que voava retornou à cidade americana duas horas e meia após iniciada a viagem.