Título: Armínio vê clima de euforia
Autor: Duarte Patrícia
Fonte: O Globo, 24/07/2007, Economia, p. 21

Ex-presidente do BC, porém, recomenda cautela a investidores.

NOVA YORK. "O Brasil vive hoje um fenômeno inteiramente novo: a euforia pelo alto nível de investimentos no mercado de capitais, sobretudo por causa do interesse de investidores internacionais. O país vinha atraindo investimentos estrangeiros crescentes nos últimos anos, mas agora chegou a um ponto em que se começa a fortalecer o mercado de capitais. Há um clima de euforia na bolsa de valores, um forte entusiasmo dos investidores diante da queda na pontuação dos riscos, o que pode levar as agências internacionais a dar ao país o grau de investimento em um ano ou dois. Tudo contribui para o fortalecimento do mercado de capitais. O Brasil atraiu mais dinheiro nos seis primeiros meses de 2007 do que em todo ano de 2006".

Este foi o recado dado pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga a investidores americanos reunidos no University Club, em Nova York, em evento patrocinado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.

- O fim da hiperinflação levou a um forte ajuste do setor bancário, iniciando um ciclo que só agora se completa. A prova é que o setor bancário, antes habituado a extrair lucros da ciranda financeira movida pelos altos índices de inflação, só agora começa a investir no setor imobiliário, oferecendo financiamentos de longo prazo para a classe média - disse.

Mesmo assim, o fundador da Gávea Investimentos alertou os investidores americanos de que ainda há razões para se ter cautela diante de tanto otimismo com o mercado financeiro. Segundo Armínio, ainda preocupam baixos níveis de investimento em educação, entraves burocráticos para os negócios e problemas de infra-estrutura. Segundo ele, "o país ainda precisa crescer a níveis mais elevados".

Para o ex-presidente do BC, será preciso reduzir drasticamente a burocracia, levar adiante o ajuste da previdência, fazer forte investimento em infra-estrutura e reduzir os custos elevados de segurança.

- O setor aéreo é um exemplo de que as agências reguladoras devem agir para estabelecer a confiança de todos, investidores e consumidores, no bom funcionamento do sistema como um todo - disse.