Título: Congonhas vive colapso e, na prática, já está quase parado por boicotes
Autor: Rodrigues, Lino e Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 25/07/2007, O País, p. 4

Aeroporto só teve 26 partidas. "Pista está aberta para patinação", diz piloto.

SÃO PAULO. Autoridades e empresas aéreas não conseguiram ontem impedir mais um dia de colapso no Aeroporto de Congonhas. Principal centro de conexões no país, o aeroporto só conseguiu servir, das 6h às 19h, para 16 pousos e 26 decolagens, segundo dados da torre de comando em Congonhas, repassados à Infraero. Muito pouco perto das 243 operações de decolagem programadas para o dia. Antes do acidente com o Airbus da TAM, terça-feira da semana passada, eram efetivadas em média 600 operações por dia em Congonhas.

Três tentativas de operações na pista, uma pela Gol e outras duas por jatos executivos, causaram sustos nos passageiros, por voltas das 15h. As três aeronaves tiveram de arremeter para evitar acidentes. Uma hora e meia depois, o pátio de Congonhas ficou vazio.

- A pista está aberta, sim, está liberada inclusive, mas apenas para patinação - ironizou um piloto da TAM.

Gol pede a clientes que adiem viagens até segunda

Nos balcões, uma multidão aguardava embarques que nunca ocorreriam. Os painéis de orientação mostravam programações fictícias, que eram desmentidas por funcionários. Hoje, mais passageiros, cujas passagens foram remarcadas, podem enfrentar esse problema.

A garoa e um forte nevoeiro fecharam o aeroporto quatro vezes. Às 6h, horário de abertura, a torre só autorizou pousos por instrumentos. Ninguém se arriscou. Às 8h50m, a pista foi reaberta para pousos e decolagens. Às 11h05m, foi fechada mais uma vez, para ser reaberta apenas para pousos às 14h. Uma hora e 20 minutos depois, foi mais uma vez fechada para pousos. Às 17h, foi reaberta. Nos períodos de abertura, as empresas, que tinham remarcado vôos para passageiros que esperavam suas partidas em São Paulo desde segunda-feira, mantiveram o boicote à maioria das operações em Congonhas.

De acordo com os balanços divulgados pela Infraero, entre 6h e 20h foram programadas 243 operações, mas 124 foram canceladas e 30 sofreram atrasos de mais de uma hora. Um total de 71 vôos foi transferido para Cumbica, em Guarulhos, e outros cinco, para Viracopos, em Campinas. Esses dados são dos painéis, que funcionam apenas segundo as informações repassadas pelas empresas à Infraero, e não das operações da torre.

As empresas, como Gol e Varig, faziam check-in, mas os passageiros eram avisados de que não havia informações sobre os horários de decolagens. Os painéis não davam informações corretas, avisavam. Quem quisesse tentar embarcar, tinha de entrar nas salas e esperar.

- Aqui não existem explicações. Nem responsabilidades. Ninguém sabe, ninguém tem culpa - disse Geraldo Coelho, técnico em manutenção que tentava embarcar para Vitória.

A Gol divulgou nota pedindo que seus clientes, se puderem, adiem suas viagens até a próxima segunda-feira, "em um dos momentos mais críticos da aviação brasileira". A empresa informou que segunda-feira implantará uma nova malha de vôos.

"Essa reorganização implica transferência de parte dos vôos que tradicionalmente operam em Congonhas para o aeroporto de Guarulhos (Cumbica)", diz a empresa na nota.

Já a TAM informou que suspendeu as vendas para vôos com saída ou chegada nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, para que os passageiros que tiveram seus vôos cancelados segunda-feira e ontem, devido às condições meteorológicas adversas em Congonhas, sejam reacomodados. As vendas serão normalizadas a partir de amanhã.

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