Título: Escolha de novo ministro divide os militares
Autor: Gois, Chico de e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/07/2007, O País, p. 8

Alguns oficiais acreditam que Jobim fará mudanças, e outros criticam falta de conhecimento do setor.

BRASÍLIA. A nomeação de Nelson Jobim para o Ministério da Defesa foi bem-recebida pelo Comando da Aeronáutica, que o vê "com auspiciosos olhos". A avaliação de oficiais é que Jobim é "mais jovem e mais firme" e, por isso, a expectativa é que conduza as mudanças consideradas necessárias pelos militares na Infraero e na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É neste sentido que a Força entende a carta branca que o presidente Lula deu ao novo ministro, elogiado por seu nacionalismo.

- A situação precisa de pulso, provavelmente uma série de medidas. As Forças estão fazendo a sua parte. O ministério, não - disse um militar.

Para a FAB, os militares fazem seu trabalho, especialmente no que diz respeito ao sistema de controle do tráfego aéreo. Apesar da insurgência dos controladores, o comando avalia que mantém as rédeas firmes e que os sobressaltos foram potencializados pela interferência civil.

Entretanto, não é unanimidade na FAB a avaliação positiva do novo ministro da Defesa. Um oficial de alta patente criticou o fato de Jobim não conhecer a indústria da aviação nem a área de segurança nacional. Ao indicar Jobim, disse o militar, o governo segue a tradição de nomear para o cargo pessoas com pouca ou nenhuma experiência nos setores envolvidos e que não conseguiram fechar um projeto de unificação das três Forças, muito menos da aviação.

- Waldir Pires ( o ex-ministro) não fazia nada. Mas, pelo menos, não atrapalhava. Jobim não tem o mínimo de conhecimento no setor, nunca atuou na indústria da aviação. Esperamos que ele consiga congregar, pelo menos, a Infraero e a Anac - disse uma fonte do setor.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse que Jobim terá de ter pulso firme para enquadrar os comandantes militares e mudar a estrutura do setor da aviação. Segundo ele, o problema do controle não foi totalmente resolvido.

- Não basta trocar o ministro. É preciso mudar todo o quadro e estabelecer uma política nacional para a aviação.

Em resposta ao que Jobim poderia fazer para melhorar as Forças Armadas, a assessoria de imprensa da Marinha informou que os desafios são enormes e citou os crimes de contrabando, tráfico de drogas e de armas e os crimes ambientais. A FAB e o Exército não responderam.