Título: Conselho confirma que Renan usou notas frias
Autor: Carvalho, Jailton de e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 26/07/2007, O País, p. 18

Segundo dados da Fazenda de Alagoas, empresas que teriam comprado gado de senador só existem no papel.

BRASÍLIA. A defesa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sofreu um novo revés no Conselho de Ética. Técnicos do Conselho confirmaram que os frigoríficos Carnal Carnes e G.F. da Silva, citados como supostos compradores de gado de Renan, são fantasmas, ou seja, só existem no papel, como mostrara reportagem do "Jornal Nacional", da Rede Globo. A partir da constatação, o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do processo de cassação de Renan, deverá pedir à Receita Federal e à Secretaria da Fazenda de Alagoas uma investigação fiscal rigorosa sobre as duas empresas.

- Precisamos saber quem usava essas empresas para negociar gado. A Receita e a Secretaria da Fazenda têm que nos ajudar nisso - afirmou Casagrande.

O senador deve conversar sobre o assunto com o presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Mas Casagrande disse que, se for necessário, acionará diretamente a Receita Federal.

Para ele, é importante comparar as informações sobre as pessoas que movimentam as empresas fantasmas com os documentos apresentados por Renan para comprovar venda de gado. As denúncias contra a Carnal Carnes e G.F. da Silva surgiram no mês passado, logo depois da apresentação dos documentos de Renan ao Conselho de Ética.

Denúncia foi confirmada no fim de semana

No fim da semana passada, depois de uma viagem a Alagoas, técnicos do Conselho de Ética confirmaram a denúncia. Eles chegaram à conclusão de que os frigoríficos só existem no papel com base em informações repassadas pela Secretaria da Fazenda de Alagoas.

Hoje, o Conselho de Ética deve enviar ao Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, novos documentos, entre eles guias de transporte de animais, relacionados à venda de gado de Renan.

- Se os documentos estiverem completo, acho que será possível concluir a perícia no prazo inicial de 20 dias - afirmou o diretor do INC, Geraldo Bertolo.

A perícia da Polícia Federal é considerada a peça mais importante no processo de cassação do mandato de Renan por quebra de decoro. A partir da entrega do laudo do INC, o Conselho de Ética deverá chamar Renan para depor. Casagrande entende que o processo deve ser concluído em, no máximo, 40 dias.

- Vamos ouvir o Renan e fazer o relatório logo depois de recebermos a perícia. Até o final de agosto votaremos o relatório - disse Casagrande.