Título: Centrais pedem adiamento da proibição de greve
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 26/07/2007, O País, p. 18

Para sindicalistas, antes de impedir paralisação no serviço público é preciso regulamentar negociação coletiva.

BRASÍLIA. Representantes de quatro centrais sindicais se reuniram ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reforçar a pressão da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pelo adiamento da regulamentação das greves no serviço público. Segundo os sindicalistas, o presidente prometeu mandar ao Congresso primeiro a regulamentação da negociação coletiva do serviço público, e, depois, a do direito de greve.

Projeto de negociação deve ir a Congresso após recesso

O projeto deve ser apresentado logo após o fim do recesso do Congresso.

- Dissemos ao presidente que regulamentar o direito de greve antes de regulamentar a convenção coletiva é um erro. E ele concordou - disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

As regulamentações tratadas na reunião são de duas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) assinadas pelo governo brasileiro. A intenção do governo é proibir paralisações nos serviços essenciais. O próprio presidente, mais de uma vez, criticou os servidores públicos por fazerem longas greves e depois receberem os dias parados.

- Os trabalhadores da iniciativa privada, quando fazem greve, negociam os dias parados. Só não negociamos no setor público porque não há negociação coletiva. Não dá para falar em proibir greve, restringir greve sem regulamentar a negociação coletiva - disse Artur Henrique.

Na mesma reunião, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, explicou o projeto do governo que cria as fundações estatais de direito público ou privado. Temporão falou da proposta de adotar o modelo nos hospitais universitários, mas disse estar aberto para conversar com as centrais sindicais, que têm restrições ao projeto. Segundo Artur Henrique, as centrais defendem, por exemplo, mecanismos de controle social dos hospitais universitários.

Presidente diz que manterá veto a emenda três

Lula disse aos sindicalistas que manterá o veto à emenda três do projeto da Super-Receita, que trata da relação das empresas com prestadores de serviços, mas negociará uma alternativa à terceirização. Também participaram da reunião os ministros Carlos Lupi (Trabalho), Luiz Marinho (Previdência), Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).