Título: Crédito chega a R$800 bilhões
Autor: Rosa, Bruno e Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 26/07/2007, Economia, p. 29
Volume total de empréstimos já corresponde a 32,2% do PIB.
BRASÍLIA. Os juros podem até demorar para cair. Mas a oferta de empréstimos aos consumidores e ao setor produtivo brasileiros continua crescendo em ritmo frenético. O Banco Central (BC) anunciou ontem que o volume de crédito na economia nacional, em junho, chegou a R$799,2 bilhões, o equivalente a 32,3% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país ao longo de um ano).
A expansão do crédito em apenas um mês foi de 1,3%. Frente a junho do ano passado, a alta chega a 21,4%. Se forem considerados apenas os empréstimos com recursos livres (ou seja, sem carimbo prévio, como financiamentos habitacionais ou operações rurais), o crescimento mensal foi ainda maior, de 1,4%.
O movimento é capitaneado pelas empresas. O financiamento destinado às pessoas jurídicas cresceu 1,7% no período, considerando apenas os recursos livres. O estoque agora é de R$235 bilhões.
Com queda de juros, empresas recorrem mais a financiamento
Na avaliação do chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, esse movimento indica que muitas companhias, sobretudo as grandes, estão voltando a captar no mercado de crédito, depois de se financiarem no mercado de capitais - com emissões de papéis, por exemplo - considerado mais em conta. Essa mudança estaria ocorrendo como reflexo da queda consistente dos juros básicos nos últimos dois anos.
- As taxas estão hoje bem mais competitivas no mercado - afirmou Altamir Lopes.
Os empresários, apesar de reconhecerem que os empréstimos estão de fato mais baratos, destacam que o mercado de capitais ainda é essencial. O coordenador de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, argumenta que as duas modalidades de financiamento (capitais e financeiro) são complementares. Além disso, acrescentou ele, o volume de crédito ainda é baixo no país e, por isso, há espaço para uma expansão ainda maior.
- Com a economia crescendo, as empresas estão cada vez mais precisando de financiamentos - afirmou. (Patrícia Duarte)