Título: No dia seguinte, um minuto de silêncio
Autor: Franco, Ilimar e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 27/07/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. O novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez questão de começar a cerimônia de transmissão de cargo com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do acidente do vôo JJ 3054 da TAM, e em solidariedade às famílias. O gesto contrastou com o clima festivo do dia anterior, durante a posse de Jobim no Palácio do Planalto, onde houve descontração e risos.

- Não é um momento, nesta situação, de grandes comemorações - disse Jobim, logo no início: - Estamos vivendo o impacto e o lamento dos recentes acontecimentos.

Anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia e o próprio Jobim foram flagrados dando risadas na cerimônia no Planalto.

Ao final do minuto de silêncio, Jobim reiniciou seu discurso afirmando que é preciso "identificar responsabilidades do passado" e, em cima delas, apontar "soluções para o futuro".

Em seu discurso de retorno ao Executivo - foi ministro da Justiça no governo Fernando Henrique, de 1995 a 1997 - Jobim trouxe de volta também o seu conhecido estilo retórico, recheado de referências históricas, jurídicas e regionais, ao citar locais e personagens do seu estado, o Rio Grande do Sul. Num pronunciamento de quase 16 minutos, feito de improviso, Jobim mencionou o papel de Dom Pedro II para manter integrada a América Portuguesa, num Brasil Continental, em contraste com a divisão da América Espanhola em vários países.

As citações, em tom professoral, ainda incluíram o ex-primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli (1804-1881), atribuindo a ele uma frase que ficou cunhada na gestão administrativa: "Never complain, never explain, never apologise (nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe)". (Ilimar Franco e Cristiane Jungblut)