Título: Dívida interna cresce R$105 bilhões
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 27/07/2007, Economia, p. 27

Apesar de queda do juro no 1º semestre, valor atingiu R$1,198 tri em junho.

BRASÍLIA. Mesmo com a atual trajetória de queda dos juros e da taxa de câmbio - que influenciam os títulos do governo - a dívida interna que a União tem em títulos cresceu R$105 bilhões no primeiro semestre, chegando a junho acumulada em R$1,198 trilhão. Do aumento registrado, R$68,6 bilhões, ou 65,3%, corresponderam a juros que corrigem o endividamento, embora o Banco Central (BC) tenha cortado a taxa básica Selic em todas as quatro reuniões realizadas entre janeiro e junho. O débito público no mercado tem sido acompanhado de perto por investidores e agências de classificação de risco.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras, a redução dos juros e a valorização do real em relação ao dólar têm influenciado a trajetória da dívida, mas esse processo é gradual.

- Não são movimentos abruptos - afirmou ele.

Somente em junho, a dívida interna cresceu 2,1% em relação a maio, devido a juros de R$11,1 bilhões e a uma emissão líquida de títulos de R$13,9 bilhões. Já a dívida externa - hoje em R$127 bilhões - aumentou 0,84%. No total, o endividamento do setor público em títulos fechou o semestre em R$1,325 trilhão.

De acordo com relatório divulgado pelo Tesouro Nacional, a parcela da dívida interna composta por papéis prefixados subiu de 37,02% em maio para 38,71% em junho. Isso porque houve uma emissão líquida de R$25 bilhões desse papel.

Parcela atrelada à Selic caiu para 34,06% em junho

Segundo Pedras, o Tesouro optou por uma emissão líquida elevada em junho para fazer caixa, já que em julho estão concentrados vencimentos que chegam a R$50 bilhões. O governo tem como regra deixar em estoque recursos suficientes para honrar os compromissos da dívida pública por um período de dois a três meses.

A parcela da dívida indexada à Selic caiu de 36,68% em maio para 34,06% em junho devido a um resgate líquido de papéis de R$26,1 bilhões no período. Já o percentual do endividamento atrelado aos índices de preços aumentou de 22,94% para 23,88% entre maio e o mês passado.

Do lado da dívida externa, o Tesouro recomprou antecipadamente títulos que estavam em poder dos investidores num total de R$7 bilhões no primeiro semestre. Com isso, o governo reduziu seu gasto com juros em R$12,5 bilhões.

Segundo Pedras, a estratégia do governo com a recompra antecipada de títulos da dívida externa é retirar do mercado papéis que pioram a curva de juros desse endividamento. Ao mesmo tempo, o Tesouro tem feito emissões de títulos com prazos mais longos e custo mais baixo.