Título: PF indicia 25 por fraude na obtenção de visto
Autor: Braga, Ronaldo
Fonte: O Globo, 28/07/2007, Rio, p. 19

Brasileiros que apresentaram documentos falsos no Consulado dos Estados Unidos podem ficar presos até cinco anos.

A Superintendência da Polícia Federal no Rio iniciará investigações, juntamente com a Interpol, para identificar e prender três brasileiros, que entraram ilegalmente nos Estados Unidos e que, nos últimos seis meses, vêm aliciando brasileiros para também imigrarem clandestinamente. O trabalho está sendo feito em conjunto com investigadores da 5ª DP (Gomes Freire) que, desde fevereiro passado, já identificaram pelo menos 25 pessoas que tentaram conseguir o visto americano com documentos falsos.

Consulado desconfiou de informações falsas

Todas essas pessoas serão indiciadas, nos próximos dias por uso de documentos falso e falsidade ideológica, cada crime com pena de reclusão de um a cinco anos.

A denúncia sobre os documentos falsos partiu do Consulado dos Estados Unidos, que passou a checar a veracidade das informações apresentadas pelas pessoas telefonando para as empresas citadas pelos interessados nos vistos. Grande parte dos envolvidos é de cidades do Espírito Santo e de Minas Gerais. Eles pagaram de R$2 mil a R$5 mil pelos documentos falsos. São CPFs, comprovantes de renda de empresas, extratos bancários de instituições financeiras de Minas e Espírito Santo, diplomas de universidades e contratos de trabalho de várias empresas. Segundo o Consulado dos EUA, nas últimas duas semanas, mais 16 casos foram descobertos.

O Consulado americano explicou que a apresentação de documentos alterados ou falsos para a solicitação do visto resulta na recusa do pedido e na classificação permanente do solicitante como inelegível para visto. A Embaixada dos EUA, em Brasília, e o consulado do Rio entregaram às autoridades brasileiras, incluindo a Receita Federal, os documentos falsos de alguns solicitantes.

O primeiro caso aconteceu em fevereiro, quando o consulado constatou que 11 pessoas haviam apresentado documentos falsos. Elas queriam provar que tinham bons salários ou que eram universitárias, com bastante dinheiro em bancos brasileiros.

Quadrilha pode ser ligada a grupo de Goiânia

Na ocasião, os envolvidos apontaram uma mulher, moradora do Espírito Santo, como responsável pelo transporte dos interessados até o consulado. Presa, ela foi ouvida na PF e depois liberada.

- Começamos a investigação neste momento. Junto com a PF, levantamos as identidades de outras pessoas que usaram documentos falsos. Sabemos que há gente nos Estados Unidos responsável pelos golpes - disse Ricardo Lopes, delegado titular Ricardo Lopes, da 5ª DP (Gomes Freire).

A Polícia Federal não descarta que a quadrilha tenha ramificações com um grupo que foi preso em dezembro de 2006, em Goiânia. O bando agia na falsificação de passaportes e vistos para entrada de clandestinos nos Estados Unidos e países da Europa.