Título: Novo esforço
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 30/07/2007, O Globo, p. 2

Os líderes dos partidos na Câmara tentarão retomar no retorno do recesso sua obra inacabada, a votação da reforma política. Com a derrota do voto em lista, o relatório do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) não é mais a referência. As conversas em curso buscam construir uma proposta que possa ser aprovada pela maioria, mesmo que ela não entre em vigor nas eleições municipais.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), defende que se elabore uma nova emenda aglutinativa que tenha como pilares o financiamento público das campanhas para o Executivo e o estabelecimento de algum tipo de voto distrital. O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, avalia que o atual sistema de financiamento eleitoral é insustentável e diz que os petistas continuarão empenhados em implantar o financiamento público das eleições. Mas os petistas reagem a qualquer entendimento que tenha como base o voto distrital, até mesmo o distritão, pelo qual em cada estado são eleitos os mais votados. Mas para o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), a implantação do voto distrital é a prioridade, na medida em que os tucanos identificam como o maior problema da política o distanciamento entre os eleitores e seus representantes.

Diante das notórias dificuldades de entendimento entre os partidos, o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), está propondo que os eleitores decidam as mudanças no sistema eleitoral. O trabalhista acredita que os partidos poderiam votar a fidelidade partidária e a realização de um plebiscito, que se realizaria juntamente com as eleições municipais, no qual os eleitores se decidiriam por manter o voto proporcional para o Legislativo, pela introdução do voto em lista ou pela adoção do voto distrital ou distrital misto.

- Essa decisão não pode ser tomada num grande conchavo político. Os líderes fizeram um acordão para aprovar o voto em lista e o plenário rejeitou. A reforma não pode esperar pela formação de uma maioria. Os eleitores devem decidir o sistema eleitoral que eles querem. Não podemos ter medo do povo ou imaginar que ele não sabe votar - diz Miro Teixeira.

A outra alternativa em debate é a convocação de uma Constituinte. Sua viabilidade é complexa, pois uma Constituinte pode tudo, mesmo que tentem limitá-la, e mudanças na Constituição seriam aprovadas por maioria absoluta. O governo e a oposição não querem correr o risco de ficarem em minoria.