Título: Garcia pôs cargo à disposição de Lula
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 30/07/2007, O País, p. 4

Foi uma reação grosseira que nunca teria feito em público", diz.

SÃO PAULO. O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia pôs o cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo após serem exibidas as imagens em que fazia gestos obscenos, depois de assistir, no Jornal Nacional, à reportagem que levantava possíveis responsabilidades da TAM na tragédia de Congonhas, tirando o governo do foco.

- Quanto tive claro o dano que isso poderia trazer para o governo, evidentemente me comuniquei com o chefe de gabinete e disse que estava colocando meu cargo à disposição, se isso criasse algum tipo de dificuldade maior para o governo - afirmou o assessor em entrevista ontem à noite no programa "Canal Livre" da TV Bandeirantes, sem dizer qual foi a resposta de Lula.

Marco Aurélio repetiu que sua reação foi um "ato privado", um "ato de indignação" contra a exploração que alguns órgãos de imprensa vinham fazendo do acidente com o avião da TAM, responsabilizando apenas o governo.

- Foi uma reação de desabafo, de indignação contra essa tentativa de instrumentalizar a tragédia contra quem não tem culpa. Nego peremptoriamente que estivesse festejando seja lá o que for, mas me manifestando em caráter privado contra o que vinha se fazendo - reafirmou, refazendo também o pedido de desculpas. - Foi uma reação grosseira que nunca teria feito em público. Se alguém se sensibilizou entendendo esse gesto de outro modo, peço desculpas. Peço perdão.

Em vários momentos do programa, Marco Aurélio Garcia negou a responsabilidade do governo tanto no acidente com o Airbus da TAM quanto no acidente com o avião da Gol.

- Não posso aceitar a tese de que a responsabilidade dos dois acidentes, a menos que venham elementos de comprovação, e até agora não há nenhum elemento, esteja concretamente ligada àquilo que se chamou de caos aéreo. O caos aéreo existia, evidentemente, mas ele foi em vários momentos de responsabilidade das companhias.

De acordo com o assessor especial de Lula, a crise aérea veio à tona a partir do acidente da Gol.

- O acidente da Gol catalisou toda uma série de outros problemas que estavam ocorrendo, não com intensidade, mas que passaram a ocorrer com intensidade.

Marco Aurélio disse que a decisão de Lula ao nomear Nelson Jobim como ministro da Defesa foi para pôr fim "a uma certa descoordenação que pudesse haver".

- Havia mais de uma cabeça operando porque nós tínhamos a Infraero se ocupando dos aeroportos, o Ministério da Defesa mais ligado com as questões de segurança de vôos e a Anac dedicada mais à questão da regulação.