Título: Presidente da Anac propõe novo aeroporto em São Paulo para 2050
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 30/07/2007, O País, p. 4

Milton Zuanazzi também admite que Rio é melhor opção que interior de SP.

BRASÍLIA. Contrariando a determinação da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que dias após a tragédia da TAM anunciou a decisão de construir um novo aeroporto em São Paulo, a Anac diz que essa será uma obra para os próximos trinta anos, com prazo de conclusão só em 2050. Estudos realizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a serem apresentados ao governo, apontam nessa direção. A médio prazo, a Anac deverá propor a construção do terceiro terminal de passageiros de Guarulhos, a segunda pista e um novo terminal em Viracopos (Campinas). Essa, segundo o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, poderá ser a melhor solução para desafogar o tráfego na capital paulista mais rapidamente.

- Tem que fazer Guarulhos, fazer Viracopos e construir o terceiro aeroporto. Esse terceiro aeroporto pode ser Viracopos ampliado, estudos estão sendo feitos nesse sentido. O ideal para São Paulo é pensar num aeroporto lá para 2050 - afirmou Zuanazzi.

Aeroporto ficará distante do Centro de São Paulo

Dessa forma, explicou, haveria um prazo de mais de 30 anos para ir tocando a obra aos poucos, à medida que houver aumento de demanda. Técnicos da agência e da Aeronáutica estão em campo à procura da área apropriada, que será cercada, sem espaço para invasões. O local escolhido será fora da capital, mas na região metropolitana de São Paulo. O Conselho de Aviação Civil (Conac) deu um prazo de 90 dias para a definição do local.

- Não podemos antecipar o local para evitar especulação imobiliária. Como pela Constituição, os aeroportos são bens da União, cabe a ela desapropriar. Há várias áreas na região do entorno de São Paulo. Claro que vai ficar distante do centro da cidade, mas isso é inevitável - disse Zuanazzi. Ele destacou que Guarulhos é prioridade porque ainda há no aeroporto áreas disponíveis de pátio e pista, mas falta espaço no terminal de passageiros. No caso de Viracopos, hoje, passam pelo aeroporto dois milhões de passageiros por ano e com a segunda pista e um novo terminal essa capacidade poderia ser ampliada significativamente.

A curto prazo, a agência, por determinação do Conac, está discutindo com as empresas áreas o remanejamento de malha a partir de setembro, quando Congonhas não poderá mais ser utilizado para escalas e conexões, apenas para vôos diretos (de duas horas de duração). A primeira opção é ocupar os espaços livres em Guarulhos. Fora dos horários de pico, o aeroporto tem condições de receber hoje mais um milhão de passageiros por ano, pelos dados da Anac.

As outras opções são os aeroportos fora da capital paulista (Viracopos, Ribeirão Preto e São José dos Campos) e do Sudeste (Confins em Belo Horizonte e Tom Jobim, no Rio). Para Zuanazzi, o Rio de Janeiro poderá ser mais atraente do que os terminais do interior de São Paulo. - O Rio talvez seja uma alternativa mais viável para as empresas do que alguns aeroportos do interior de São Paulo, porque o Rio também tem uma demanda, que é maior do que Ribeirão Preto e de Campinas - afirmou Zuanazzi, acrescentando que, desde o início do ano, está havendo um crescimento bastante significativo de vôos do Galeão, inclusive internacionais.

Com a determinação do Conac, cerca de seis milhões de passageiros por ano deixarão de fazer conexões e escalas em Congonhas. Apesar de as empresas terem a prerrogativas de mexer nas suas malhas a fim de transferir os vôos do aeroporto central de São Paulo, o governo teme que elas levem todo o excedente para Guarulhos, que já está saturado nos horários de pico.

- Posso garantir que nós não vamos operar além da segurança. Se o Conac entendeu que, em função da tragédia com o avião da TAM, deve fazer essa redução em Congonhas, nós vamos transferir para onde der. Primeiro, em São Paulo, porque a demanda está lá. Depois vamos buscar terminais no interior do estado e no Sudeste - frisou Zuanazzi. - Vamos ser bastante rigorosos nessa questão da malha. Agora, sim, a responsabilidade é da Anac.