Título: Gasoduto do Sul: uma solução em suspenso
Autor: Duarte, Patrícia e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 30/07/2007, Economia, p. 24

Chávez estaria dificultando execução do projeto, apontado como opção de abastecimento da região.

BRASÍLIA. Tido como a grande alternativa de abastecimento para toda a América do Sul, o Gasoduto do Sul teve as discussões para a sua criação esfriadas. O projeto, lançado em 2005, não saiu do papel. A megaobra, de oito mil quilômetros e com custo estimado em US$20 bilhões, ligaria a Venezuela à Argentina, passando pelo Brasil e por outros países sul-americanos.

O gasoduto, financiado por brasileiros, venezuelanos e argentinos, seria abastecido por metade da produção de Mariscal Sucre, na Venezuela, com capacidade para transportar até 50 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Os técnicos que trabalham no projeto afirmam que o momento atual é de desenhar o modelo e encontrar formas de impedir danos ambientais, especialmente na Amazônia.

Autor da idéia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é também o grande dificultador, segundo fontes do governo brasileiro. Ele não revela sequer qual o exato volume das reservas de gás de seu país. O Brasil trabalha o tema com cautela, uma vez que deverá ser o grande financiador da obra, via BNDES. Pelos números divulgados por instituições independentes, a Venezuela possui uma das maiores reservas do mundo.

Com 3 mil Megawatts, risco de racionamento seria anulado

Em gás natural, o potencial da região é de 104 milhões de metros cúbicos por ano. Mas, sem avanços no campo diplomático, o cenário atual é apenas de ajudas em momentos de crise, como o que acontece na Argentina, que tem recebido emergencialmente cerca de mil megawatts do Brasil.

- Da integração, fomos para o intercâmbio - resumiu Marco Tavares, sócio-diretor da consultoria Gas Energy, para quem a região precisa, no mínimo, criar mais três mil megawatts para anular as chances de novos racionamentos. (Eliane Oliveira e Patrícia Duarte)