Título: Depois do caos, Congonhas fica vazio
Autor: Gois, Chico de e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 31/07/2007, O País, p. 8

Já em Guarulhos, de onde partiam as conexões, movimento foi intenso.

SÃO PAULO. O principal centro de distribuição de vôos do país, o Aeroporto de Congonhas, funciona desde ontem com menos da metade das operações. Com a nova malha aérea (ainda não oficial), Congonhas manteve como vedete a ponte aérea com o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O antigo fluxo, de 142 operações diárias entre os dois aeroportos da ponte aérea, foi retomado ontem, segundo as empresas aéreas. Nos horários de pico, os vôos voltam a ter espaços curtos, de trinta minutos a uma hora, em média. Com as conexões transferidas para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, passageiros são levados de ônibus desde Congonhas, trajeto que demora uma hora.

Tranqüilidade em Congonhas, movimento em Cumbica

Normalmente, antes do acidente com o avião da TAM, em 17 de julho, Congonhas fazia 640 operações de pousos e decolagens por dia, entre 6h e 23h. Ontem, estavam previstas apenas 293 operações para o mesmo período. No entanto, 97 foram canceladas pelas empresas, segundo a Infraero. Entre 6h e 19h, de 149 vôos programados, 33 foram cancelados, e oito sofreram atrasos de mais de uma hora.

De acordo com TAM, Varig, Gol e Ocean Air, não há planos de redimensionamento da ponte aérea entre São Paulo e Rio. Apenas a Gol cortou quatro operações entre Congonhas e Santos Dumont nos dias de semana, mas manterá 34 vôos. A TAM seguirá com 60 operações de segunda à sexta-feira, e a Varig, com 44. A Ocean Air continuará com quatro operações.

Na prática, o clima de tranqüilidade em Congonhas mudou a rotina do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Ontem, 52 vôos que pousariam em Congonhas (30 da TAM e 22 da Gol) foram para Cumbica, que teve grandes filas de passageiros. Os atrasos afetaram 31 dos 318 vôos entre meia-noite e 19h. Desse total, quatro trajetos foram cancelados.

O drama de muitos passageiros começava em Congonhas. A pedagoga Iara Medeiros e sua família viajava pela TAM. Voltavam de Rondônia, de onde partiram às 4h15, em escalas que incluíram Brasília e Goiânia. Pousaram em Congonhas às 15h40. Mas para chegar ao destino, São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, eles teriam que pegar um vôo em Cumbica às 17h.

- Com uma hora de viagem até Cumbica, como vamos conseguir chegar a tempo de embarcar, contando ainda que Cumbica está superlotado? - disse a pedagoga.

Quem faria conexões reclamou das demoras nos vôos e da desinformação. A doméstica Luciana Carneiro da Silva, de 40 anos, afirmou que perdeu seu embarque para Recife somente porque foi mal orientada por funcionários da empresa em que viajaria.

- Meu vôo sairia às 9h55, e eu cheguei aqui 8h30m para o check-in, mas me disseram que era em outro lugar, do outro lado do aeroporto. Quando fui lá, me mandaram voltar para cá e, quando cheguei, meu vôo já tinha partido. Estou desesperada e sem saber o que fazer porque a companhia diz que não assume a responsabilidade e, que, se eu quiser embarcar, tenho que pagar mais R$130 - contou Luciana, chorando.

COLABOROU Fabrício Calado, do Diário de São Paulo