Título: Depois de turbulências, Bolsa tem alta de 3,12% e dólar cai 1,11%, para R$1,876
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 31/07/2007, Economia, p. 23

Só quatro ações registram queda no índice Ibovespa. Risco-Brasil recua 5%.

RIO, NOVA YORK e LONDRES. O mercado financeiro teve um dia de trégua ontem, diante da falta de notícias negativas do setor de crédito imobiliário dos Estados Unidos. O principal indicador da bolsa paulista, o Ibovespa, teve alta de 3,12%, compensando parte das perdas da semana passada, terminando o dia aos 54.572 pontos. O dólar comercial também voltou a cair para R$1,876, com queda de 1,11%, mesmo com a compra de US$515 milhões pelo Banco Central (BC), segundo estimativas do mercado.

Depois de subir 43,71% na semana passada, o risco-país encerrou em queda, de 5%, aos 209 pontos. Apesar dos bons resultados do mercado, os analistas afirmam que ainda é cedo para saber se o nervosismo que derrubou as bolsas na semana passada chegou ao fim.

- Hoje (ontem) foi o pior dia para avaliar como o mercado deve se comportar - diz Ivo Chermont, economista da Modal Asset Management.

Isso porque a expectativa agora é por indicadores dos EUA, como o de confiança do consumidor e o deflator mensal dos gastos pessoais referente a junho, que é usado pelo Fed, o banco central americano, para medir a inflação. Os dois índices serão divulgados hoje.

Em Nova York, Dow Jones sobe 0,7% e Nasdaq, 0,82%

Ontem, em meio a ausência de indicadores ou notícias negativas, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, subiu 0,7%. O Nasdaq teve alta de 0,82%. Na Europa, as bolsas ficaram praticamente estáveis. Em Londres, houve baixa de 0,15% e, em Frankfurt, alta de 0,06%.

Outro termômetro do humor do mercado, os títulos de dez anos do tesouro americano (T-Bonds) voltaram a subir, para juros de 4,82% ao ano. Isso significa que esses papéis perderam valor, ou seja, os investidores voltaram a procurar mercados de maior risco, como as bolsas de valores, avalia Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica.

Entre os dados que ajudaram no bom humor dos mercados, houve a divulgação de alguns poucos balanços corporativos bem recebidos - como o da Tyson Foods nos Estados Unidos -, mas nenhum de grande peso, avalia Chermont, da Modal.

O banco britânico HSBC divulgou ontem que seu lucro cresceu 13% no primeiro semestre, para US$14,16 bilhões. Porém, houve um aumento de 63% nos encargos com créditos de recuperação duvidosa, devido aos problemas no mercado imobiliário americano.

No Brasil, a expectativa é pelos resultados da Vale do Rio Doce, a serem divulgados hoje após o pregão, lembra o chefe de Análise da Brascan Corretora, Felipe Cunha.

O otimismo era tamanho ontem que apenas quatro ações dos papéis que compõem o Ibovespa tiveram queda: Embraer, AmBev, Submarino e TAM. As ações da Telemig Celular Participações lideraram as altas: subiram 10,33% em meio à expectativa de compra pela Vivo, não confirmada pelas empresas.

(*) Com agências internacionais

EMPRESAS BRASILEIRAS SÓ DEVEM RETOMAR LANÇAMENTOS EM SETEMBRO, na página 24