Título: 'Terminal 1 do Galeão é malcheiroso e decadente'
Autor: Lima, Maria e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/08/2007, O País, p. 10

Brigadeiro Pereira diz ainda que o país não tem planos aeroviários e só há dinheiro para obras emergenciais.

BRASÍLIA e RIO. O demissionário presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, traçou um diagnóstico desanimador sobre a política de planejamento de recuperação dos aeroportos do país. Disse que inexiste um planejamento aeroviário de curto, médio e longo prazos, e que há recursos apenas para obras emergenciais. Não há dinheiro para obras que avancem em relação ao funcionamento e segurança de vôo no país, disse. Pereira fez críticas especialmente ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão, no Rio, que chamou de decadente e malcheiroso.

Brigadeiro revelou medo de caos durante o Pan

Ao ouvir o apelo da deputada Solange Amaral (DEM-RJ) para que a Infraero incluísse em suas prioridades a reforma do terminal 1 do Galeão, o brigadeiro José Carlos Pereira concordou com ela que as condições de parte do aeroporto são as piores possíveis.

- O Terminal 1 precisa de uma completa remodelação. Está decadente, aquilo lá é um horror! O terminal está feio, malcheiroso, não condizente para um aeroporto internacional - disse o presidente da Infraero.

Ele revelou que havia verdadeiro pavor de que houvesse um apagão aéreo durante os Jogos Pan-Americanos.

- Demos graças a Deus de encerrar o PAN sem problemas de aeroporto - confessou.

Ele criticou a política adotada pela diretora de engenharia da Infraero, Eleuza Terezinha, que teria priorizado obras de construção de shoppings nos aeroportos, em vez de melhorar as pistas de pouso. E afirmou ainda que errou ao não demitir a diretora de engenharia, responsável pelas obras nos aeroportos desde a gestão do deputado Carlos Wilson. Mas que não teve força política para fazê-lo.

- Eu não deveria ser louco o suficiente para fazer isso, mas assumo a responsabilidade por não ter feito as substituições - disse.

O Terminal 1 do Aeroporto Internacional Tom Jobim, que completa 30 anos em janeiro e padece de problemas estruturais, precisa de uma reforma, também na opinião do superintendente da Infraero para os estados de Rio, Minas Gerais e Espírito Santo, Pedro Azambuja. Orçada em R$90 milhões, a obra deverá começar este ano e será feita com recursos próprios da Infraero. Mas, mesmo sem ela, afirma Azambuja, o aeroporto está preparado até para dobrar a capacidade diária.

O superintendente da Infraero responsável pelo Galeão calcula que os planos anunciados pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, para a malha área nacional - entre eles a centralização de vôos para a Europa, os Estados Unidos e o Nordeste do Brasil - deverão trazer mais 2,5 milhões de passageiros por ano ao aeroporto, que hoje recebe 9,5 milhões de passageiros por ano - apesar de ter capacidade para receber 15 milhões.

Cabral recebe Jobim amanhã para jantar

Amanhã, o tema será tratado em jantar entre o governador Sérgio Cabral e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, no Palácio Laranjeiras, no Rio.

Nas contas de Azambuja, o número de pousos e decolagens, que hoje é de 276 por dia, pode aumentar em 240, com a mesma infra-estrutura de que o aeroporto dispõe hoje. Desse total, cerca de 15% seriam de vôos internacionais. De acordo com ele, a obra de revitalização dos pátios e pistas do Tom Jobim, estimada em R$100 milhões, já foi licitada. Os recursos estão previstos no PAC.

- Estou entusiasmado com o entusiasmo do ministro. Mas, em se tratando de questões operacionais, não pode transigir com o tempo. É preciso agilidade - avalia Azambuja, que estima em dois meses o tempo para calcular os reflexos dos remanejamentos de vôos em São Paulo no Tom Jobim.