Título: Lula defende novo ministério
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 10/03/2009, Política, p. 05

Presidente quer status maior para secretaria e diz que Dilma só não o representou em evento para não dizerem que a razão é ¿política¿

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pretende transformar em ministério a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, assim como as secretarias de pesca e direitos humanos. O pronunciamento ocorreu durante abertura de seminário realizado pela secretaria coordenada por Nilcéa Freire para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Lula justificou a medida como forma de garantir maior liberdade orçamentária à pasta e disse que o status de ministério ajuda na elaboração e na execução de políticas públicas. ¿Se um dia alguém achar que tem ministério demais e quiser acabar, que ouse (extinguir ministérios).¿ A proposta foi aplaudida de pé por cerca de 350 mulheres que participaram do evento, no auditório do memorial JK.

¿Nunca me senti tão minoria. Parecia um verdadeiro papagaio de pirata¿, afirmou o presidente Lula ao observar a plateia e a composição exclusivamente feminina das autoridades no palco. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também participou do evento, mas não discursou. ¿Eu até tinha pedido para a Dilma vir me representar, porque eu estou com umas tarefas hoje.¿ O presidente, no entanto, afirmou que mudou de ideia para não afirmarem que ¿tudo o que ela fizer daqui para frente é política¿. A ¿mãe do PAC¿ é a candidata cotada pelo Planalto para concorrer às eleições presidenciais em 2010.

Durante o evento, a secretaria lançou o Observatório Brasil de Igualdade de Gênero, com o intuito de monitorar as políticas implementadas no país para garantir os direitos das mulheres. A pasta homenageou ainda 11 mulheres, entre as quais a senadora Serys Slhessarenko (PT ¿ MT), a presidente da União Nacional do Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, e a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie. Em discurso emocionado, Gracie apontou o baixo número de mulheres no Judiciário, assim como nos demais poderes o que, segundo a ministra, contraria a percepção popular de que elas são mais difíceis de ¿sucumbir às tentações do poder¿.

A fala do presidente sobre a reação da Igreja Católica diante do aborto de uma menina de 9 anos, vítima de estupro, também recebeu o apoio da plateia. ¿Como cristão eu sou contra o aborto, mas como chefe de Estado eu tenho que tratar (o aborto) como uma questão de saúde pública¿, afirmou o presidente diante do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que também participou da abertura do seminário. O evento Mais Mulheres no Poder: uma questão de democracia termina hoje.