Título: Piloto da TAM critica divulgação de dados
Autor: Rodrigues, Lino e Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 02/08/2007, O País, p. 5

Ele diz que apontar causas é prematuro e defende comandante do Airbus que morreu.

SÃO PAULO.O presidente da Associação dos Tripulantes da TAM, o piloto Hugo Schaffel, rebateu informações que apontariam responsabilidade do piloto da aeronave no acidente ocorrido há duas semanas. Com base no que foi divulgado sobre dados da caixa-preta do Airbus A-320, ele avalia que o comandante Kleyber Lima, ao não conseguir acionar os spoilers (aba que abre em cima da asa para ajudar na frenagem), pode ter se deparado com problemas que, somados a falhas na pista, prejudicaram o pouso e a parada total do avião. Ele, porém, evita avaliar hipóteses sobre possíveis falhas mecânicas ou humanas no desastre.

- É quase impossível o spoiler não funcionar, mas, se falha, o equipamento deve ser acionado em outras etapas do vôo. Mas só vamos poder dizer se houve falha no spoiler depois de uma investigação profunda. Apontar causas para o acidente neste momento é prematuro demais - disse Schaffel.

Schaffel, que tem 3.800 horas de vôo em Airbus, diz que qualquer conclusão sobre falha mecânica ou humana é ainda prematura. E que a divulgação nessa fase das investigações "é absurda".

- Essa CPI é um circo armado da Roma antiga - disse ele.

Para especialista, pista curta influenciou acidente

O coronel aviador da reserva Franco Ferreira diz que é preciso ter muitas certezas para apontar o piloto como responsável.

- O piloto é o depositário de todos os erros que antecedem um acidente. Mas o único capaz de romper essa cadeia e pousar o avião com segurança. Infelizmente, ele não conseguiu - disse.

Professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisas em Transportes Aéreos, Anderson Corrêa, disse que ainda é impossível para qualquer especialista decifrar todas as causas do acidente, mas já existe pelo menos uma certeza:

- O atrito e o tamanho da pista não foram preponderantes. No entanto, ficou muito claro que, se a pista tivesse área de escape, não teriam ocorrido tantas mortes no acidente - disse o professor Corrêa.