Título: País registrou 686 mortes nas estradas em julho
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 02/08/2007, O País, p. 13

Segundo a Polícia Rodoviária, por causa do caos aéreo, o trânsito cresceu até 25% além do normal no período.

BRASÍLIA. Em meio ao apagão aéreo e sob o impacto do acidente com o Airbus da TAM, cresceu o número de acidentes e mortes nas estradas federais nas férias de julho, em relação ao ano passado, segundo balanço divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). De 29 de junho a 31 de julho, ocorreram 11.316 colisões, com 686 vítimas fatais e 6.933 feridos. No estado do Rio de Janeiro, sede dos Jogos Pan-Americanos, o número de acidentes caiu, mas aumentou o de mortos: 61 pessoas perderam a vida nas rodovias federais fluminenses.

O balanço de 2007 mostra que cresceu 15,49% o número de mortos no país, nos 60 mil quilômetros de rodovias federais; o de acidentes, 17,46%; e o de feridos, 13,66%. A Operação Férias de 2007, porém, durou dois dias a mais do que em 2006, que pode interferir na comparação estatística. A operação começou em 29 de junho e deveria ter terminado no último domingo, mas foi prorrogada até terça-feira. Segundo a PRF, porém, isso não impede a comparação entre um ano e outro.

A polícia rodoviária já havia alertado para o risco de mais colisões nas estradas, por conta do caos aéreo que levou parte da população a viajar de carro em vez de avião. O trânsito cresceu entre 20% e 25% além do normal nessa época do ano, quando já há um incremento na faixa de 25% por causa das férias escolares. Os picos de movimento, portanto, teriam atingido até 50%. As chuvas no Sul e Sudeste agravaram a situação.

- A ponte aérea virou ponte rodoviária - resume o inspetor Pedro Paulo Bahia, que é assessor de Imprensa da PRF.

Mais movimento no Sul e Sudeste

Ele diz que o trânsito rodoviário aumentou principalmente nas Regiões Sudeste e Sul, com maior intensidade em São Paulo, Rio, Minas Gerais e Paraná. Segundo o inspetor, o volume de veículos nas estradas subiu até 300% em trechos das estradas federais nesses estados.

Minas Gerais, que detém a maior malha rodoviária federal, está na frente no ranking dos estados com maior número de acidentes e vítimas fatais: foram 117 mortos (+20,6%) e 1.960 colisões (+25,8%). O Rio de Janeiro ficou em terceiro lugar no ranking de mortes, com 61 vítimas (+24,5%). Em julho do ano passado, a Operação Férias havia registrado 49 mortes no estado. Já o número de acidentes no Rio caiu de 958 para 893 (-6,8%) - a terceira maior redução do país - deixando o estado na quinta posição.

Em segundo lugar no ranking de mortos está a Bahia, onde 71 pessoas (+57,8%) perderam a vida no último mês. Santa Catarina ficou em quarto, com 52 mortes (-10,3%), e o Paraná em quinto, com 48 (+54,8%).

No ranking de acidentes, Santa Catarina ocupa a segunda posição, com 1.303 colisões (+24,1%), seguido por São Paulo, com 1.019 (35,5%), e Rio Grande do Sul, com 912 (+11,2%).

Pedro Paulo diz que o incremento na fiscalização rodoviária por causa dos Jogos Pan-Americanos ajudou a reduzir o número de acidentes no Rio, ainda que a quantidade de vítimas fatais tenha crescido. Segundo a polícia, 9 das 61 mortes ocorreram logo no primeiro dia da Operação Férias, em 29 de junho, num choque frontal entre um caminhão desgovernado e uma van.

O número de veículos fiscalizados no Rio, na Operação Férias, subiu de 22.826, em 2006, para 38.599, em 2007.