Título: Concorrência das espelhos não vingou
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 02/08/2007, Economia, p. 23

BRASÍLIA. A discussão em torno do surgimento de uma grande empresa brasileira de telecomunicações traz à tona o debate em torno da competição no setor, que era uma das metas da privatização do Sistema Telebrás, realizada em 1998. A verdadeira concorrência, sobretudo na telefonia fixa, nunca foi alcançada, confirmam especialistas. As chamadas empresas-espelhos, que deveriam atuar na mesma área das concessionárias (as ex-estatais), com muito mais liberdade, nunca conseguiram alcançar o objetivo de concorrer com as operadoras.

A Vésper, por exemplo, que passou a atuar em São Paulo e na região da Oi (incluindo o Rio), em dezembro de 2003, acabou sendo comprada pela Embratel. Com isso, a empresa, que era apenas prestadora de ligações interurbanas e internacionais, começou a oferecer o serviço de ligações locais. Mas apenas engatinha.

A GVT foi a única das empresas-espelho a se firmar no mercado, com uma estratégia de primeiro abocanhar pequenas empresas e oferecer serviços especiais, e estabelecer competição com a concessionária, no caso a Brasil Telecom (BrT). Porém, a operadora conta com 1,1 milhão de linhas, enquanto a BrT tem 8,348 milhões.

A questão agora é como ficará a situação das outras concessionárias, Telefônica e Embratel, as duas principais concorrentes da Brasil Telecom e da Telemar. Também existem dúvidas quanto à possibilidade de participação de companhias internacionais na empresa brasileira. A Portugal Telecom, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, já demonstrou interesse em participar desta empresa.

- Vieram aqui dizer para nós que viam com bons olhos a criação da empresa nacional e que eles gostariam de participar - afirmou o ministro Hélio Costa. (Mônica Tavares)