Título: Anac agora transfere responsabilidades
Autor: Lima, Maria e Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/08/2007, O País, p. 8

Presidente da agência diz que cabe às empresas cuidar da segurança.

BRASÍLIA. Bombardeado por perguntas sobre a eficiência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em depoimento na CPI do Apagão Aéreo do Senado, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, disse que o Aeroporto de Congonhas não é o ideal, mas opera com toda a segurança e dentro das normas. Ressaltou que o Aeroporto de Cumbica opera quase no limite, o que justifica a construção do terceiro aeroporto paulista. Ele já tinha dito que um novo aeroporto só entraria em funcionamento em 2050. Zuanazzi tentou reduzir as atribuições da Anac em relação à manutenção e segurança dos aviões. Disse que a "responsabilidade primária é das empresas aéreas".

- Homologando a empresa, estamos passando toda a responsabilidade primária, do ponto de vista de segurança, para essas empresas. Além de dar a responsabilidade primária, a Anac investiga e fiscaliza se ela está sendo cumprida - disse Zuanazzi.

A sessão se transformou num debate entre quatro personagens da crise aérea: além de Zuanazzi e do presidente da TAM, compareceram o presidente da Infraero, José Carlos Pereira, e o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho.

Zuanazzi disse várias vezes que Guarulhos não era o ideal e que não considerava adequado o maior aeroporto da América do Sul, Congonhas, fechar a partir de 23h.

- Congonhas não é o aeroporto dos meus amores, com certeza não é.

O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, foi praticamente esquecido.

- Brigadeiro, o senhor será o último. Por isso, vou lhe dar um conselho "supliciano": relaxa! - brincou o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), numa referência ao colega Eduardo Suplicy (PT-SP).

Mais tarde, quando perguntado sobre as condições da pista no dia do acidente, o brigadeiro José Carlos Pereira respondeu:

- Dizer que pista molhada escorrega é chover no molhado. (Cristiane Jungblut)