Título: Petistas mantêm acordo com partido sírio
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Fonte: O Globo, 03/08/2007, O País, p. 12

Grupo judeu pede anulação do tratado.

SÃO PAULO. O PT não pretende anular o acordo de cooperação feito em maio com o Partido Baath, da Síria, acusado de ser representante do regime autoritário sírio. Ontem, o grupo de direitos humanos judeu Centro Simon Wiesenthal teria enviado uma carta à direção nacional do PT pedindo a anulação do acordo de cooperação firmado entre o partido brasileiro e o partido Baath da Síria.

O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, um dos signatários do acordo, disse que não recebeu a carta, mas afirmou que mesmo que recebesse não cederia e não recuaria no acordo. O PT não concorda com os argumentos de que os sírios representam um regime autoritário.

- Eu e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, estivemos na Síria em maio para assinar o acordo com o Baath, mas isso não significa que concordemos com a ideologia do partido sírio. Temos acordos com outros partidos, como o Comunista Chinês, os Democratas de Esquerda da Itália. Não nos cabe analisar se o que eles defendem é correto ou não. Assim como também não concordamos com a opinião do Simon Wiesenthal sobre o Baath - disse Pomar.

Na carta, o centro Simon Wiesenthal diz que "causa profunda decepção que um partido como o PT tenha validado as regras de estado de direito para chegar à Presidência no Brasil, e omita a promoção da democracia entre os valores indispensáveis no momento de estabelecer seus acordos de cooperação a nível internacional". O grupo judeu diz que o Baath "encabeça em seu país um regime autoritário que desconhece o respeito pelos direitos humanos".

Pomar disse que esteve na Síria e não sentiu que o regime seja totalitário ou antidemocrático.

- Senti que grande parte do povo apóia o regime. Na verdade, o que o povo não quer é que o país seja invadido por tropas de outros países, como já aconteceu com os vizinhos Iraque e o Líbano. E nós do PT também não concordamos com invasões desse tipo. Não podemos concordar com a política de desestabilização do Oriente Médio imposta pelos Estados Unidos - disse Pomar.