Título: Controle da estatal ficou com o PMDB
Autor: Carvalho, Jailton de e Martins, Jorge
Fonte: O Globo, 03/08/2007, O País, p. 13

Após crise, técnicos foram nomeados, mas ficaram pouco tempo nos cargos.

BRASÍLIA. A diretoria dos Correios, empresa que está no centro das investigações da Operação Selo, é controlada pelo PMDB. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou o comando da estatal ao partido mesmo depois do escândalo do mensalão. O caso, o mais rumoroso escândalo do primeiro mandato de Lula, teve como origem uma briga entre dirigentes de PTB, PMDB e PT pelo controle das áreas mais poderosas da estatal. O PMDB assumiu o comando dos Correios em julho do ano passado, num acordo preparatório do apoio do partido à reeleição de Lula.

Diretores indicados por Sarney, Renan e Jucá

Em maio de 2005, o ex-chefe do Departamento de Compras dos Correios Maurício Marinho foi flagrado numa cena em que recebe suborno de R$3 mil e revela os bastidores de um suposto esquema de desvio de dinheiro para o PTB, de Roberto Jefferson.

Em resposta às acusações, Jefferson denunciou os negócios de outros partidos dentro da estatal, apontou caixa dois do PT e disse que o dinheiro financiava o mensalão. Acuado pela sucessão de denúncias, o governo substituiu a diretoria colegiada, indicada por vários partidos, por um grupo de funcionários de carreira da estatal.

Mas a presença dos técnicos no comando da estatal durou pouco. Em julho do ano passado, Lula entregou a diretoria da estatal a dirigentes indicados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Romero Jucá (PMDB-RR) e pelo agora ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB). O atual presidente da estatal, Carlos Henrique Custódio, foi indicado para o cargo por Sarney. Os demais senadores indicaram outros diretores da estatal.