Título: Para economista, há abusos na carga horária
Autor: Novo, Aguinaldo e Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 03/08/2007, Economia, p. 23

SÃO PAULO. Pesquisador da Unicamp, o economista Marcio Pochmann afirma que existe hoje um abuso na utilização do expediente das horas extras. Usando dados oficiais do Ministério do Trabalho e do IBGE, Pochmann estimou em 32 milhões o número de brasileiros que trabalharam em 2005 além da jornada de 44 horas semanais fixada na Constituição. Na média, foram sete horas. Na época, ele mostrou que, se a jornada legal tivesse sido seguida, poderiam ter sido criados mais 4,5 milhões de empregos no país.

Extrapolando aqueles números para 2007, Pochmann estimou em 33,2 milhões o número de trabalhadores que cumprem hora extra. Não fosse isso, o economista disse que o país poderia ter 5,3 milhões de novas vagas - mais da metade do exército de desempregados, estimado em 8,9 milhões de trabalhadores.

- A hora extra representa uma soma positiva para os dois lados. O trabalhador consegue complementar sua renda. A empresa, por sua vez, gasta menos com horas extras do que se fosse fazer novas contratações. Mas a sociedade só perde com isso - disse ele, que defende a taxação as horas extras para financiar o pagamento do seguro-desemprego. (Aguinaldo Novo)