Título: Senador contra-ataca acusando revista
Autor: Vasconcelos, Adriana e Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 07/08/2007, O País, p. 3

Renan minimiza pedido de procurador e faz apelo por carta aos colegas de Senado.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), minimizou o pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que solicitou a abertura de inquérito contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). Renan argumentou que o procurador apenas atendeu a um pedido que ele próprio lhe fizera. Quanto às denúncias de que seria sócio oculto de duas rádios em Alagoas, que teriam sido adquiridas por R$2,6 milhões - e pelas quais o senador teria pago R$1,3 milhão em dinheiro vivo -, Renan preferiu partir para o ataque contra a revista "Veja", que publicou a reportagem.

Tanto em rápida entrevista concedida na chegada ontem ao Congresso, como em carta encaminhada a cada um dos 80 colegas no Senado, Renan alega ser alvo de uma campanha difamatória promovida pela revista para encobrir "negócios suspeitos da Editora Abril, no caso, a venda da TVA para uma empresa internacional por R$1 bilhão".

Senador divulga ofício encaminhado a colegas

Por intermédio de sua assessoria, ele divulgou um ofício que encaminhou no último dia 10 de julho a Antonio Fernando, no qual requer ao Ministério Público "a verificação de autenticidade" dos documentos de defesa que apresentou ao Conselho de Ética para comprovar que teria usado recursos próprios para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha.

- Há 15 dias pedi ao procurador-geral que fizesse a investigação para que eu pudesse mostrar toda a minha verdade. Vocês (jornalistas) não publicaram porque não quiseram - reagiu Renan, ao ser perguntado sobre como recebia a decisão do Ministério Público.

Sobre a denúncia da "Veja", afirmou:

- Todo mundo quer saber por que não pára essa campanha que a revista criou. A última tentativa frustrada foi a de me envolver com a Schincariol. O que todo mundo quer saber é por que a revista me coloca como cortina de fumaça, fica discutindo coisas menores que não interessam à sociedade, e deixa na obscuridade um negócio de R$1 bilhão, que é a venda da TVA, da Editora Abril, proprietária da revista "Veja", a uma empresa internacional. Isso é que interessa à sociedade e precisa ser esclarecido.

Os ataques foram reforçados na carta dirigida aos senadores, na qual ele ressalta que "uma revista semanal, sem limites éticos e qualquer critério jornalístico, travestida de tribunal político, vem difundindo inverdades, tentando desonrar o mandato que me foi legitimamente outorgado pelo povo de Alagoas, e dificultar a minha permanência na direção da Casa".

Na carta, ele ainda diz que as novas acusações foram fabricadas "no embalo das maledicências provincianas e do ressentimento dos derrotados" e insinua mais uma vez que a revista o estaria usando para encobrir "um negócio bilionário" que mereceria ser investigado, numa referência à venda da TVA.

Sem citar o conteúdo das novas denúncias, Renan termina a carta garantindo: "tanto no plano ético quanto no plano moral nada devo". E que não irá decepcionar ninguém.

Em nota distribuída por sua assessoria de imprensa, assinada pelo Grupo Abril, a revista "Veja" afirmou:

"VEJA investiga, apura e denuncia tudo o que prejudica o Brasil e os brasileiros e pretende continuar fazendo isso".