Título: Como diria o brigadeiro...
Autor: Jungblut, Cristiane e Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 07/08/2007, O País, p. 8

Terminal 1 do Galeão está de fato malcheiroso, feio, decadente, um horror!

RIO e BRASÍLIA. Fios elétricos desencapados, buracos no teto, canos expostos, lâmpadas falhando, paredes sem azulejo e sujeira acumulada nos tubos de ventilação formam o retrato do Terminal 1 do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, apontado por especialistas como principal herdeiro dos vôos que deverão ser desviados dos aeroportos paulistas. A situação dessa parte do prédio do aeroporto - chamado de feio, malcheiroso, decadente e horroroso pelo então presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira - contrasta com o moderno Terminal 2, cheio de vidros, espelhos, mármores e comodidades.

Os problemas são mais gritantes na sala de embarque, onde a maior parte dos passageiros aguarda seus vôos. Além de pequenos defeitos causados pela falta de manutenção, a área é precária, com poucas opções de alimentação e serviços aos clientes das companhias aéreas. A quase inexistência de tomadas próximo às cadeiras comprovam a idade do aeroporto: os passageiros não podem utilizar laptops sem bateria. A existência de um único pequeno espaço para fumantes - o fumódromo de vidro recentemente instalado entre os portões 1 e 2 do terminal - também é reflexo da época da construção do aeroporto, quando o antitabagismo não estava tão em voga como agora.

- Este terminal tem tudo para ser melhor que o segundo: é maior e tem mais espaço livre. Mas realmente precisa de modernização, não pode ficar como está - afirmou o aposentado Tadeu Moraes. - O terminal não está malcheiroso, mas precisa ficar ao menos mais parecido com o Terminal 2, que tem mais opções de cafés, por exemplo - disse o passageiro.

O Terminal 1 ainda é considerado operacional, mas algumas falhas incomodam os passageiros. As escadas rolantes, automáticas, param quando não há movimento para economizar energia; mas, por outro lado, há também lâmpadas com mau contato, piscando, ou mesmo trechos em que se observa que não foi feita a limpeza adequada dos tubos de ventilação. A sujeira fica grudada no teto, normalmente próximo às entradas de ar. Esses problemas não estão apenas na sala de embarque. Atingem também as áreas de lojas e de check-in das companhias aéreas.

- A gente sente descuido, não é bom embarcar aqui - disse o passageiro carioca Gilberto Bulcão.

A situação do Galeão é percebida mesmo por jovens usuários do Terminal 1:

- Vim de Belém e fiquei impressionada. Pensei que aqui seria melhor que lá no Norte, mas está mais feio, descuidado - lamentou a estudante Sabrina Araújo, de 12 anos.

A decadência só não está pior porque a área de check-in passou por reformas emergenciais nos últimos meses:

- Aqui também era assim (mal conservado). Mas, como houve quebra-quebra durante o caos aéreo, a Infraero reformou parte do terminal - disse uma funcionária da Gol, que não quis se identificar.

A estatal concorda com a opinião dos usuários do terminal 1 e com o seu ex-presidente José Carlos Pereira, e anuncia que reformas de modernização podem começar em breve. Mas, no momento, a prioridade é para pistas e obras necessárias para garantir a segurança de pousos e decolagens. O banho de loja ficará para depois: a Infraero não tem data prevista para o início da modernização no terminal 1 do Galeão.