Título: CPI: diretora da Anac deverá ser convocada
Autor: Jungblut, Cristiane e Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 07/08/2007, O País, p. 8

Denise Abreu terá que explicar denúncia de lobby que favoreceria negócios de amigo no aeroporto de Ribeirão Preto.

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Acusada pelo brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, de fazer lobby para tirar da Infraero o controle do setor de cargas em Congonhas e Viracopos, a diretora da Agência de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu está na mira das CPIs do Apagão Aéreo do Senado e da Câmara. O relator da CPI no Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), disse ontem que Denise será chamada a explicar a denúncia de que estaria atuando para transferir o setor de cargas para o Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, um negócio de R$400 milhões por ano que beneficiaria amigos dela.

- Vamos acionar o Ministério Público, a PF e o Tribunal de Contas da União.

A CPI vai investigar se houve roubo de pertences de vítimas do acidente com o vôo 1907 da Gol, ano passado, e se o mesmo estaria acontecendo com objetos dos mortos do vôo da TAM.

Denise rebateu ontem a denúncia e disse que vai processar o brigadeiro. "A diretora Denise Abreu não pretende discutir pela mídia as acusações caluniosas do ex-presidente da Infraero (...). A diretora já constituiu advogado para tratar da questão nos tribunais competentes", diz nota divulgada pela Anac.

Na nota, a Anac diz que é impossível transferir operações de cargueiros para Ribeirão Preto porque o aeroporto não tem infra-estrutura para esse tipo de operação. O governo de São Paulo enviou proposta de ampliação do aeroporto e construção do terminal de cargas. A Anac pediu alteração no projeto e o novo plano não foi apreciado pela diretoria. Denise negou que tenha vínculo com o empresário Carlos Ernesto de Campos, vencedor da concorrência para operar o terminal de cargas. Campos negou relação de amizade ou profissional com ela.

O Ministério Público de São Paulo pretende continuar impedindo as obras do terminal de cargas. A obra, cuja licitação foi vencida pela empresa de Campos há quatro anos, pode causar impactos ambientais, segundo os promotores.

- O relatório (de impacto ambiental) que foi produzido é tecnicamente desonesto - disse o promotor Marcelo Goulart. Em 2003, ele propôs ação civil pública que resultou em liminar impedindo o início das obras até a aprovação do relatório final, o que não ocorreu. Empresários da cidade fundaram um movimento em defesa da internacionalização do aeroporto, o "Decola Ribeirão", que se contrapõe ao movimento "Congonhas Não", que é contrário à expansão porque o aeroporto está no perímetro urbano da cidade.

COLABORARAM: Maria Lima, Daniela Antunes e Soraya Aggege