Título: Lula decide que Força Nacional continuará no Rio
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 07/08/2007, Rio, p. 15

Governo federal, no entanto, ainda está estudando quantos agentes vão permanecer no estado e por que período.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinal verde para manter no Rio, por um tempo maior, a Força Nacional de Segurança (FNS). Será uma compensação ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que chegou a pedir a presença das Forças Armadas no patrulhamento do estado, o que foi negado pelo governo federal.

O tema está em estudo no gabinete do ministro da Justiça, Tarso Genro. Ainda não foi decidido quantos agentes permanecerão no Rio. Também não foi determinado por quanto tempo a FNS ficará no estado. Mas, segundo fontes do Ministério da Justiça, o governo pretende deixar no Rio um contingente da Força Nacional até o fim do ano.

Recentemente, Cabral chegou a se reunir com o secretário nacional da Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, para pedir a permanência da força por mais tempo no estado. Na semana passada, o governador anunciou que 2.400 homens da Força Nacional ficariam no estado, mas por um prazo curto. A previsão era de que esse grupo ficaria no Rio até o fim do Parapan, no dia 19 deste mês.

Mas, de acordo com o relato de um ministro envolvido com o tema, essa permanência será maior. Havia uma resistência de setores do governo federal em deixar no estado homens da FNS. Mas, com o veto do envio de tropas das Forças Armadas, o presidente Lula decidiu adotar uma medida de apoio ao aliado Sérgio Cabral.

Ministro alegou diferenças no treinamento

Na última quinta-feira, Cabral chegou a pedir ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, a presença das Forças Armadas no policiamento ostensivo no entorno de suas unidades no Rio. A conversa aconteceu num jantar, durante visita de Jobim à cidade.

A avaliação feita pelo Ministério da Defesa foi de que os militares têm uma formação diferente da dos policiais. A explicação dada pelo próprio Jobim a Cabral foi de que os militares são treinados para eliminar inimigos, e não para combater a violência urbana. Portanto, isso seria incompatível com o tipo de policiamento necessário para o Rio de Janeiro neste momento.

De acordo com fontes da Defesa, o recomendado seria uma ação de forças treinadas para a segurança pública. Para reforçar essa opinião, chegou a ser lembrado no Ministério da Defesa o trauma vivido no país, quando a metodologia de combate das Forças Armadas foi utilizada pelas secretarias estaduais de Segurança Pública, durante o regime militar.