Título: Indústria cresce em todas as regiões do país
Autor: Melo, Liana e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 08/08/2007, Economia, p. 28

Máquinas agrícolas e automóveis puxam avanço. Apesar do resultado, real forte reduz receita do setor em junho.

RIO e BRASÍLIA. Não é só entre os diferentes setores da indústria que o crescimento vem se disseminando. Regionalmente, essa dispersão também foi constatada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Das 14 regiões incluídas na Pesquisa Industrial Mensal-Regional, divulgada ontem, todas registraram avanço no primeiro semestre, e quatro delas ficaram acima da média nacional. A indústria fechou o semestre com expansão de 4,8%.

Entre os quatro estados com crescimento industrial acima da média nacional estão Rio Grande do Sul, que saiu na frente, registrando acréscimo de 8,5%, seguido de Minas Gerais (7,9%), Paraná (7%) e Pernambuco (6,4%). O resultado da indústria gaúcha interrompe um processo de desaceleração, causado, principalmente, pelo desaquecimento dos setores têxtil e calçadista.

- Os segmentos de máquinas e equipamentos e indústria automobilística foram os maiores responsáveis por esses estados terem crescido acima da média nacional no semestre. No caso da indústria gaúcha, os desempenhos do setor de refino de petróleo (36,4%) e de máquinas e equipamentos agrícolas (29,7%) foram fundamentais para o resultado do estado, assim como a performance do segmento de veículos automotores - afirmou a gerente da pesquisa, Isabela Nunes.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) chama atenção para o fato de que o desempenho do primeiro semestre teve forte influência do resultado de São Paulo. A indústria paulista, que no primeiro trimestre pouco foi dinamizada (2,9%), acelerou significativamente sua expansão de maio a junho (5,1%).

O otimismo na produção industrial contrasta com a interrupção do crescimento das vendas em junho. Apesar de a receita do setor no semestre ter crescido 2,7%, em junho, ela caiu 4,5% frente a igual mês de 2006, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Isso significa que parte das fábricas está perdendo rentabilidade, especialmente devido ao câmbio.

Ainda assim, a entidade não teme uma inversão da tendência de expansão. Tanto que, em junho, houve aumento de 3,3% nas horas trabalhadas e de quase dois pontos percentuais na utilização da capacidade instalada (de 80,5% a 82,2%).

A redução nas vendas, de acordo com os indicadores industriais, teve como fator preponderante a perda de receita com as exportações, uma vez que, calcula a CNI, o real valorizou-se 14,1% frente ao dólar em 12 meses.

Safra agrícola bate novo recorde e cresce 7%

Já a safra agrícola de grãos 2006/2007 bateu novo recorde, atingindo 131,15 milhões de toneladas. O volume é 7% maior que a produção registrada no ciclo anterior (122,53 milhões de toneladas), segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Na esteira desse crescimento, a agroindústria também está em ritmo acelerado. O setor cresceu 4,6% no primeiro semestre, ligeiramente abaixo da média da indústria no período. A expansão foi puxada por defensivos agrícolas (9,9%). Em seguida, vieram a pecuária (4,9%) e agricultura (4,2%).