Título: Preocupação do governo com CPMF
Autor: Vasconcelos, Adriana e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 09/08/2007, O País, p. 10

Interferência de Lula no caso Renan pode irritar PMDB e atrapalhar votação.

BRASÍLIA. O governo Lula começou a se movimentar para tentar reverter a difícil situação que enfrenta no Senado, agravada com a crise provocada pelos processos contra Renan Calheiros (PMDB-AL). Sem maioria na Casa, como tem na Câmara, o presidente Lula quer que o caso se encerre logo, para que a pauta de votações não seja contaminada. Mas a interferência do governo pode ter conseqüências e é neste cenário que Lula tenta se equilibrar, ora defendendo Renan, ora mostrando certa distância do problema do aliado.

O governo sabe que não pode ficar imóvel diante do vazio de poder no Senado e da ameaça do DEM de obstruir as votações, caso Renan não saia da presidência. Mas não pode pressionar o presidente do Senado a se afastar, pois poderia perder votos no PMDB.

¿Conseguir 49 votos não será fácil¿, diz Ideli

A base governista no Senado conta com 41 dos 81 senadores, oito votos a menos do que o necessário para aprovar uma emenda constitucional, como a que propõe a prorrogação de vigência da CPMF e da DRU, instrumento que dá ao governo mais liberdade para gastar.

¿ Nossa expectativa é que, até outubro, quando a CPMF chegar ao Senado, o processo do presidente Renan esteja resolvido, para o bem ou para o mal ¿ disse o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

O DEM, que faz campanha nacional contra a CPMF, deve fechar voto contra a emenda, tanto na Câmara quanto no Senado. Já os tucanos são mais flexíveis e estão dispostos a aprovar a CPMF, desde que parcela da receita seja compartilhada com estados e municípios, como já avisou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

¿ Conseguir 49 votos aqui não será fácil ¿ reconheceu a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).

Mas se no Senado o clima é de apreensão, na Câmara a votação da CPMF avançou com o acordo feito ontem para que a emenda seja votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na próxima terça-feira.