Título: Aprovada venda da Ripasa
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 09/08/2007, Economia, p. 28

Cade impõe restrições a Suzano e VCP.

BRASÍLIA. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em decisão apertada, aprovou ontem à noite a aquisição, por R$720 milhões, da empresa de papel e celulose Ripasa pelo consórcio formado por Suzano e VCP (dois dos três maiores grupos do setor no país). Foram, porém, impostas restrições. Todo o sistema de concorrência levou quase três anos para analisar a operação, feita em 2004.

A decisão do Cade foi por três votos a dois, com desempate da presidente do órgão, Elizabeth Farina. Dois conselheiros se declararam impedidos. A Suzano terá que enfrentar novamente o Cade por causa da venda do braço petroquímico.

Na prática, o consórcio poderá operar a fábrica da Ripasa em Americana (SP), uma das mais importantes do país. Unidades da Ripasa como fábricas de papelão foram vendidas recentemente a outras empresas.

- É um caso extremamente difícil, até porque houve muito desencontro de informações de mercado e das empresas - disse Elizabeth.

Terá que ser assinado um termo de comprovação de desempenho, para que o Cade monitore a atividade da Ripasa, garantindo que suas operações sigam de modo independente. Isso evitará a abertura de dados estratégicos, por exemplo. Caso descumpram o acordo, as empresas podem ser multadas, e o consórcio, desfeito.

Suzano, VCP e Ripasa não poderão fechar acordos de exclusividade com fornecedores e distribuidoras. Deverá ser vendida a marca comercial de papel da Ripasa (Ripax), pois o varejo representa 50% do mercado de papel para impressão. A outra metade corresponde às licitações. O Cade também decidiu propor a redução a zero da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul para importação de papel e celulose, hoje de 16%. (Henrique Gomes Batista)