Título: Braskem quer rever investimentos se Petrobras controlar pólo no Sudeste
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 09/08/2007, Economia, p. 28

Presidente da líder petroquímica diz que estatal pode "trazer perturbações".

SÃO PAULO. O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, afirmou ontem que pode rever novos investimentos no país, caso a Petrobras mantenha o controle do pólo petroquímico do Sudeste. A estatal anunciou na semana passada a compra da Suzano Petroquímica e se transformou na segunda maior empresa do setor no país (atrás apenas da própria Braskem). A compra também reacendeu os temores sobre uma eventual reestatização do setor.

A Unipar já disse que quer ser parceira majoritária na Empresa Petroquímica do Sudeste, que surgirá com a venda da Suzano Petroquímica à Petrobras.

Para Grubisich, a Petrobras deveria manter uma posição de "sócio minoritário relevante" no pólo do Sudeste, caso contrário, pode "trazer perturbações ao mercado" e "inibir a fase atual de investimentos" de todo o setor.

- Ainda há muitas incertezas. A Petrobras diz que quer ser minoritária, mas que quer ter posição de veto. Acreditamos que isso não está alinhado com o que a estatal e o governo acertaram antes com o setor privado - disse ele, durante a divulgação do balanço da Braskem no semestre.

Uma das possíveis dificuldades seria a relação com a Petrobras no controle da Petroquímica Paulínia (SP), da qual a Braskem tem 60%, enquanto a estatal é dona dos outros 40%. A Petrobras também é minoritária no capital da própria Braskem. Com a Petrobras no comando da Suzano Petroquímica, haveria incompatibilidade de interesses no que diz respeito à competição no mercado de polipropileno, resina que será produzida na usina de Paulínia.

- Não poderíamos aportar todo nosso know-how em polipropileno nesse projeto caso nosso sócio seja também nosso concorrente - disse Grubisich.

O executivo apontou também "conflitos de interesse" em relação à definição de preços pelas matérias-primas produzidas pela Petrobras, como a nafta, algo que também poderia comprometer investimentos para os pólos petroquímicos do Sul e de Camaçari (BA):

- Seria preciso uma isonomia (de preços) para as matérias-primas, que têm um peso importante na nossa estrutura de custos.

Lucro da Braskem subiu 343% no semestre

Grubisich disse que o candidato "mais natural" para ser majoritário no pólo petroquímico do Sudeste seria a Unipar, que já é controladora da Petroquímica União (PqU) e é uma das sócias principais da Rio Polímeros (Riopol).

- Mas acreditamos que a Petrobras vai respeitar o modelo e os compromissos assumidos e deixar a liderança do setor com a iniciativa privada, com a Unipar, que tem tradição e tem mostrado apetite consolidador - afirmou ele.

A Braskem fechou o primeiro semestre com lucro líquido de R$408 milhões, um aumento de 343% sobre o mesmo período de 2006. O resultado foi empurrado pelo aumento de vendas e dos preços das resinas no mercado, além do recebimento de créditos tributários.