Título: Agência alemã nega doping ou pressão aos pugilistas
Autor: Magalhães-Ruether, Graça
Fonte: O Globo, 10/08/2007, O País, p. 11

DEPORTAÇÃO POLÊMICA: Atletas já tinham lutas agendadas.

Porta-voz diz que deserção era planejada desde 2004.

BERLIM. O porta-voz da agência Arena Box Promotion, de Hamburgo, Malte Mueller-Michaelis, negou que os pugilistas cubanos tenham sido dopados ou pressionados a abandonar a delegação durante os Jogos Pan-Americanos do Rio. Ele disse que a deserção dos dois e a viagem para a Alemanha foi longamente planejada.

- Desde 2004 havia um contato com Lara. Um pouco mais tarde começou o contato com Rigondeaux. Os dois sonhavam com uma grande carreira internacional e nos ligaram de um celular logo depois de terem desertado - disse Mueller, chocado com a decisão do Brasil de deportar os atletas para Cuba.

Segundo Mueller, o agente alemão Thomas Doering e seu companheiro espanhol não abandonaram os cubanos. As informações que chegaram à Alemanha foram de que Doering se separou dos dois pugilistas no momento em que estes desistiram de ir para a Alemanha, com medo de retaliações do governo de Havana a suas famílias.

Agência tem 20 boxeadores, sendo quatro cubanos

A agência, fundada há apenas um ano pelo ex-pugilista turco Ahmet Omer, tem 20 bem-sucedidos boxeadores sob contrato, sendo quatro de origem cubana. Ela ofereceu um contrato de três anos para os dois atletas. Thomas Doering, responsável pelo contato entre os cubanos e a agência, presta serviços à Arena como intermediador de pugilistas. Este ano, ele levou à Alemanha as novas estrelas do boxe alemão, os cubanos Odlnanier Solis Fonté, Yuiorkis Camboa e Yan Barthelemy.

A deserção de Lara e Rigondeaux criou grande expectativa de uma nova estrela no ringue europeu. Quando chegou à Alemanha, depois de abandonar sua equipe durante um treino na Venezuela para os Jogos Pan-Americanos, Odlanier Fonté deu um show ao derrotar o então campeão alemão de boxe, Andreas Sidon, em apenas 47 segundos. O mesmo esperava-se dos dois cubanos que fugiram do Pan.

- Consideramos Lara e Rigondeaux com chances de uma grande carreira. Oferecemos logo um contrato quando eles ligaram - disse Mueller.

Segundo Mueller-Michaelis, Lara e Rigondeux já tinham uma agenda marcada para várias lutas.

- Se ganhassem essas lutas, poderiam ganhar também muito dinheiro - afirmou.