Título: Mercadante alerta para risco de novos apagões
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 12/08/2007, O País, p. 11

Senador petista diz que, além da crise aérea, há perigo de colapso em outros setores de infra-estrutura.

BRASÍLIA. O apagão aéreo pode, dentro de pouco tempo, deixar de ser o único que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta reverter. O alerta, presente em vários discursos de integrantes da oposição, é feito pelo ex-líder do governo no Senado Aloizio Mercadante (PT-SP). O petista já fez alguns discursos em que abordou o tema e diz que tem tido conversas permanentes com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para analisar os riscos de o país enfrentar um colapso em outros setores de infra-estrutura em função do novo ritmo de crescimento da economia.

Índices oficiais confirmam que o Brasil, a partir de 2011, terá um déficit de energia de 1.400 megawatts, o que, na previsão mais otimista do governo, indicaria 5% de probabilidade de um novo apagão elétrico. Se o cronograma de investimentos da Petrobras em gás não se confirmar, esse risco pula para 30%, segundo dados divulgados pelo senador petista. A oposição reforça o temor.

- O apagão (elétrico) de 2001 deixou uma lição muito dura para o país. A falta de investimento, de planejamento estratégico e a carência de chuvas foi dramática. Mas, se tivermos um novo apagão, o custo será muito maior do que o de 2001, porque naquela época havia gordura para ser queimada, e agora não há mais. Medidas estão sendo tomadas, mas temos dificuldades pela frente - adverte o senador petista.

Para Mercadante, a cultura de baixo crescimento existente ainda no país tem freado as medidas que precisam ser tomadas para se evitar um risco dessa magnitude. Ele cita, por exemplo, os prazos excessivamente longos para a liberação de licenças ambientais para qualquer obra no setor energético.

- Uma prévia licença para instalação de qualquer projeto na área de energia é de 15 a 18 meses. Uma licença para instalação da obra, para começar a obra, a média hoje é de 44 meses. Isso é uma irresponsabilidade! - salienta Mercadante.

Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), o apagão aéreo é hoje apenas a ponta de um iceberg:

- Ou o governo se despe do cacoete ideológico que afugenta investimentos privados e estrangeiros em infra-estrutura, ou teremos apagões múltiplos daqui para a frente. A poupança pública é insuficiente para atender às demandas de investimentos.

"O apagão na área rodoviária já é uma realidade"

Na avaliação do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), alguns desses novos apagões já começam a ser identificados.

- O apagão na área rodoviária já é uma realidade. Basta perguntar para qualquer produtor rural no país. Ele também já se dá com intensidade nas áreas ferroviárias e portuárias, onde se vê custo de mais e eficiência de menos, com serviços desqualificados. O apagão da segurança pública é outro que só faz expandir - diz o tucano.